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Tropas eritreias mataram mais de 200 civis em Tigray na Etiópia

As tropas eritreias mataram "mais de 200 civis" em novembro passado na histórica cidade de Axum, no estado etíope de Tigray, que está em conflito armado há quatro meses, disse hoje a Human Rights Watch (HRW).

Tropas eritreias mataram mais de 200 civis em Tigray na Etiópia
Notícias ao Minuto

12:24 - 05/03/21 por Lusa

Mundo Tigray

Os acontecimentos começaram em 28 de novembro depois de soldados etíopes e eritreus terem tomado o controlo da cidade das forças estaduais às ordens do governo da Frente de Libertação Popular Tigray (TPLF), contra a qual o governo federal tinha lançado uma ofensiva militar em 4 de novembro.

"Depois das milícias de Tigray e residentes de Axum atacarem as forças eritreias a 28 de novembro, as forças eritreias, em aparente retaliação, alvejaram e executaram sumariamente várias centenas de residentes, na sua maioria, homens e rapazes, durante um período de 24 horas", disse a HRW numa declaração.

"As tropas eritreias [cujo país faz fronteira com o estado de Tigray no norte da Etiópia] cometeram assassinatos hediondos em Axum, sem qualquer consideração pelas vidas de civis", afirmou a diretora da ONG de direitos humanos para a região do Corno de África, Laetitia Bader.

Entre dezembro de 2020 e fevereiro de 2021, a organização entrevistou por telefone 28 testemunhas e vítimas de abusos e respetivas famílias em Axum e reviu vídeos de ataques e das suas consequências.

A HRW não conseguiu determinar o número exato de civis mortos em resultado da ofensiva conjunta etíope-eritreia em Axum e do subsequente massacre.

No entanto, a ONG estima que "mais de 200 civis morreram provavelmente só entre 28 e 29 de Novembro", de acordo com entrevistas com anciãos e membros da comunidade, que recolheram os cartões de identificação dos mortos e ajudaram na recuperação dos corpos.

As Nações Unidas "devem estabelecer com urgência uma investigação independente sobre crimes de guerra e possíveis crimes contra a humanidade na região e abrir caminho à responsabilização, e as autoridades etíopes devem conceder-lhes acesso total e imediato", defendeu a HRW.

A declaração da Human Rights Watch sucede a um relatório da Amnistia Internacional (AI) divulgado no passado dia 26 de fevereiro, em que deu conta de que o massacre de Axum fez "mais de 240 vítimas" civis.

O gabinete da alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michele Bachelet, revelou esta quinta-feira que reuniu e analisou informações que demonstram que estarão a ser e terão sido cometidos crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Tigray.

Os autores destes atos, segundo o gabinete de Bachelet, seriam o exército federal etíope, mas também as forças estaduais sob o comando do governo liderado pela TPLF, as forças eritreias e combatentes do estado etíope vizinho de Amhara e milícias afins, que apoiam o Executivo etíope.

O Governo etíope mantém vedado acesso ao estado de Tigray e até agora rejeitou os apelos da ONU e de muitos países para que os funcionários de organizações e agências humanitárias possam responder às necessidades de população de seis milhões de pessoas.

Milhares de pessoas foram mortas desde que o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, lançou a ofensiva armada contra o governo da TPLF em 4 de novembro.

Abiy, que ordenou a ofensiva, alegadamente em retaliação a um ataque a uma base do exército federal em Tigray pelas forças estaduais, reclamou a vitória em finais de novembro, com a captura pelas forças federais da capital regional, Mekele. Os combates no território, no entanto, não pararam.

Leia Também: ONG acusa tropas da Eritreia de massacre de mais de 200 civis no Tigray

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