Três turcos condenados a prisão por envolvimento na fuga de Carlos Ghosn

Um tribunal de Istambul condenou hoje a penas de prisão três cidadãos turcos por terem ajudado o antigo patrão da aliança Renault-Nissan, Carlos Ghosn, na sua rocambolesca fuga do Japão para o Líbano em dezembro de 2019.

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Lusa
24/02/2021 14:45 ‧ 24/02/2021 por Lusa

Mundo

Istambul

Um alto responsável da empresa de aluguer de jatos privados MNG Jet, Okan Kosemen, e dois pilotos foram condenados a quatro anos e dois meses de prisão por "tráfico de migrantes", indicou a agência noticiosa AFP.

Um dos seus advogados indicou que os acusados vão recorrer da sentença.

Na sua deliberação, o tribunal absolveu dois outros pilotos e duas hospedeiras de bordo que foram julgados no mesmo processo.

Ghosn, acusado no Japão de irregularidades financeiras, fugiu do país a bordo de um avião privado pertencente à MNG Jet que aterrou em Istambul, antes de se dirigir para o Líbano, onde encontrou refúgio.

A instrução judicial turca permitiu revelar os pormenores da fuga do magnata de 66 anos, detentor de três nacionalidades (francesa, libanesa e brasileira).

Segundo a investigação, o fugitivo efetuou o trajeto entre Osaka (oeste do Japão) e Istambul escondido numa volumosa caixa para instrumentos de música, onde foram feitas 70 perfurações para poder respirar.

De acordo com o procurador turco responsável pela acusação neste processo, dois presumíveis cúmplices de Ghosn, Michael Taylor, antigo membro das forças especiais norte-americanas, e George-Antoine Zayek, um cidadão libanês, "recrutaram" Kosemen, após contacto com a companhia MNG Jet, para assegurar a sua transferência sem obstáculos até Istambul.

Segundo a ata de acusação, o jato privado aterrou no aeroporto de Istambul e de seguida Ghosn foi transportado para um segundo aparelho que descolou em direção a Beirute.

Os dois pilotos condenados, Noyan Pasin e Bahri Kutlu Somek, estiveram ao comando do avião que efetuou o trajeto entre Osaka e Istambul.

No julgamento, ambos rejeitaram as acusações ao assegurarem que não estavam informados da presença de Ghosn a bordo do aparelho.

"Não esperava esta condenação. Não existe qualquer prova concreta. Estou surpreendido", declarou Pasin após a audiência, em declarações à AFP.

As autoridades turcas acusaram Kosemen de ter recebido somas num montante global superior a 250.000 euros nos meses que antecederam a fuga de Ghosn.

Leia Também: Ex-administrador da Nissan confirma que vai ser interrogado no Líbano

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