Meteorologia

  • 29 ABRIL 2024
Tempo
17º
MIN 11º MÁX 18º

Polícia catalã entra em universidade para prender rapper condenado

Dezenas de agentes da polícia regional catalã Mossos d'Esquadra entraram esta manhã na reitoria da Universidade de Lérida para prender o 'rapper' Pablo Hasél, condenado a nove meses de prisão por glorificação do terrorismo e injúrias à monarquia.

Notícias ao Minuto

09:00 - 16/02/21 por Lusa

Mundo Pablo Hasél

De acordo com a agência de notícias espanhola Efe, um forte dispositivo policial, formado por dezenas de agentes dos Mossos e duas dezenas de carrinhas da Brigada Móvel, esteve destacado desde as 06:30 nas proximidades da universidade para proceder à prisão de Hasél, cujo prazo para se entregar voluntariamente para cumprir a pena terminou na sexta-feira.

Hasél trancou-se no edifício da reitoria da Universidade de Lérida na segunda-feira "para dificultar o mais possível a vida à polícia" antes da sua prisão iminente, disse à Efe, com o objetivo de tornar público o que considera ser um "ataque muito grave" contra a liberdade de expressão.

Apesar disso, a polícia conseguiu contornar facilmente as barricadas colocadas nas entradas do edifício por 50 ativistas que apoiaram Hasél.

Os ativistas refugiaram-se no terceiro andar do edifício, enquanto atiravam objetos aos agentes, mas foram finalmente encurralados pela polícia, que procedeu à sua identificação.

No interior do edifício havia também muitos jornalistas e fotógrafos que passaram a noite com os ativistas e com o 'rapper'.

Na segunda-feira, a Audiência Nacional voltou a rejeitar a suspensão da execução da pena de prisão do cantor, lembrando que em 2017 foi condenado por um crime de resistência ou desobediência à autoridade, e em 2018 por transgressão.

"Com este registo criminal seria absolutamente discriminatório em relação a outros criminosos, e também uma grave exceção individual na aplicação da lei, totalmente injustificada, a suspensão da execução da pena a este condenado", argumentou.

A Audiência Nacional acrescentou que "campanhas" a seu favor "não podem determinar a inaplicabilidade da lei atual, mas [apenas] a sua eventual modificação pelo Parlamento".

Em 08 de fevereiro, mais de 200 personalidades, incluindo o realizador Pedro Almodóvar e o ator Javier Bardem, assinaram um manifesto pedindo a libertação do 'rapper' e a alteração da lei, divulgado no jornal El País.

"A perseguição a 'rappers', autores de 'twits', jornalistas, bem como de outros representantes da cultura e da arte, por tentarem exercer o seu direito à liberdade de expressão, converteu-se numa constante", escreveram.

"O Estado espanhol passou a encabeçar a lista de países que mais represálias lançou contra artistas pelo conteúdo das suas canções. Agora, com a detenção de Pablo Hasél, o Estado espanhol está a equiparar-se a países como a Turquia ou Marrocos", criticaram.

Os factos pelos quais o 'rapper' foi condenado remontam a 2014 e 2016, quando publicou uma canção no YouTube e dezenas de mensagens no Twitter, acusando as forças da ordem espanholas de tortura e homicídios.

Numa das mensagens, escreveu, ao lado de uma fotografia de Victoria Gómez, membro dos Grupos de Resistência Antifascista Primeiro de Outubro (GRAPO), uma organização considerada terrorista: "As manifestações são necessárias, mas não suficientes, apoiemos aqueles que foram mais longe".

O cantor também acusou o rei emérito Juan Carlos e o filho, Felipe VI, de vários crimes, incluindo homicídio e desvio de fundos.

O caso motivou manifestações a favor do 'rapper' e provocou incómodo no Governo, de maioria socialista.

Na segunda-feira, o executivo espanhol prometeu "uma reforma" legislativa para que os "excessos verbais cometidos no âmbito de manifestações artísticas, culturais ou intelectuais" não sejam punidos criminalmente.

Leia Também: Espanha reporta 30.251 infeções e 702 óbitos desde sexta-feira

Recomendados para si

;
Campo obrigatório