Meteorologia

  • 18 ABRIL 2024
Tempo
24º
MIN 16º MÁX 26º

EUA acusam "terroristas do PKK" pela morte de turcos no norte do Iraque

O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, atribuiu hoje à guerrilha curda do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) a responsabilidade pela morte de 13 turcos no norte do Iraque, numa tentativa de conter as reações de Ancara.

EUA acusam "terroristas do PKK" pela morte de turcos no norte do Iraque
Notícias ao Minuto

18:17 - 15/02/21 por Lusa

Mundo Diplomacia

"O secretário de Estado manifesta as suas condolências pela morte de reféns turcos no norte do Iraque e afirmou que os terroristas do PKK são os responsáveis", assegurou em comunicado o porta-voz da diplomacia norte-americana, Ned Price, e na sequência de um contacto telefónico entre Blinken e o seu homólogo turco, Mevlut Çavusoglu.

Segundo Ancara, o apoio norte-americano às milícias curdas Unidades de Proteção Popular (YPG) que atuam no norte da Síria, onde a Turquia também intervém militarmente desde 2016, e outros assuntos de discórdia, incluindo a compra pela Turquia de mísseis russos S-400, também foram abordados neste contacto telefónico, o primeiro entre os dois ministros.

O Ministério do Interior turco anunciou hoje que foram presas 718 pessoas, incluindo dirigentes do partido pró-curdo Partido Democráticos dos Povos (HDP, terceira força política no parlamento de Ancara), suspeitas de ligações à guerrilha do PKK, considerado uma "organização terrorista" pela Turquia, Estados Unidos e União Europeia.

O Governo turco desencadeou nos últimos anos ações repressivas em 59 dos 65 municípios que o HDP venceu nas eleições locais de 2019. Em pelo menos 18 municípios, dezenas de funcionários vinculados ao partido permanecem em prisão preventiva, enquanto os restantes foram destituídos.

Doze deputados da formação pró-curda permanecem na prisão desde 2016, acusados de ligações à guerrilha.

No domingo, a Turquia acusou o PKK pela alegada execução de 13 turcos, na maioria membros das forças de segurança, que mantinha prisioneiros no norte do Iraque, e cujos corpos foram detetados numa gruta na região de Garra.

O PKK reconheceu no mesmo dia a morte de um grupo de prisioneiros, mas recusou a versão de Ancara, afirmando que foram mortos em ataques aéreos turcos, no decurso da operação militar desencadeada por Ancara na quarta-feira passada contra bases recuadas da guerrilha curda no norte do Iraque, junto à fronteira comum.

Hoje, e num discurso virtual a membros do seu partido, o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan acusou os Estados Unidos de terem entregado significativas quantidades de armamento à guerrilha do PKK, e de apoiar os "terroristas", também numa referência às milícias curdas Unidades de Proteção Popular (YPG) que atuam no norte da Síria, onde a Turquia também intervém militarmente desde 2016.

Estas operações suscitam tensões com o Governo iraquiano, mas Erdogan tem repetido que o seu país poderá "ocupar-se" do PKK no norte do Iraque se Bagdad "não estiver em condições de o fazer".

"Nenhum país, pessoa ou instituição poderá questionar a partir de agora as operações militares da Turquia [no Iraque] após o massacre de Garra", frisou Erdogan.

Na noite de domingo o Departamento de Estado norte-americano "deplorou" estes mortos em comunicado.

"Caso se confirmem as informações sobre a morte de civis turcos às mãos do PKK, uma organização classificada como terrorista, condenamos estas ações nos mais firmes termos", acrescentou o Departamento de Estado.

"As declarações dos Estados Unidos são deploráveis. Dizem não apoiar os terroristas, mas sentem-se muito bem ao seu lado", declarou o chefe de Estado turco no seu discurso de hoje.

As declarações de hoje de Erdogan e que rejeitam a condenação norte-americana traduz a desconfiança de Ancara face a Washington e relacionada com a sua política em relação aos rebeldes curdos.

As autoridades turcas também decidiram convocar hoje o embaixador norte-americano em Ancara em protesto contra a primeira reação de Washington à suposta execução dos 13 turcos, e que depois terá sido corrigida na sequência do contacto entre Blinken e Çavusoglu, e após as declarações de Erdogan.

No decurso deste telefonema, o chefe da diplomacia turca terá ainda manifestado ao seu interlocutor o "mal-estar" de Ancara "face às declarações americanas no período atual", acrescentou o ministério turco dos Negócios Estrangeiros.

Apesar de Washington considerar o PKK uma organização terrorista, tem apoiado as milícias curdas sírias do YPG no âmbito da sua luta contra o grupo 'jihadista' Estado Islâmico.

Este apoio ao YPG no norte da Síria permanece desde há vários anos no centro das tensões que atravessam as relações turco-norte-americanas.

"Se estamos juntos no seio da NATO e se pretendem que a unidade da NATO seja preservada, é necessário agir com sinceridade. Não podem estar com os terroristas, se pretendem estar a lado de uma das partes, estejam a nosso lado", acrescentou Erdogan na mensagem a Washington.

A Turquia efetua há décadas e com regularidade ataque nas zonas montanhosas do norte do Iraque contra as bases recuadas do PKK, que em 1984 desencadeou uma guerrilha, em particular nas regiões do sudeste turco com maioria de população curda, com um balanço global de mais de 40.000 mortos.

Ainda no domingo, e algumas horas após o anúncio da morte dos 13 turcos, o ministro do Interior Suleyman Soylu prometeu a captura pelas forças turcas do chefe militar do PKK, Murat Karayilan, que se encontrará no norte do Iraque.

"Se não conseguirmos capturar Murat Karayilan para o cortar em mil pedaços, que o povo me cuspa na cara", disse na sua declaração.

Leia Também: Turquia convoca embaixador dos EUA em protesto contra reação a execuções

Recomendados para si

;
Campo obrigatório