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Departamento suspende ordem de Trump para identificar residentes ilegais

O Departamento de Censo dos Estados Unidos suspendeu, na quarta-feira, a ordem do Presidente Donald Trump para recolher dados sobre residentes ilegais, depois da contestação de grupos de direitos civis.

Departamento suspende ordem de Trump para identificar residentes ilegais
Notícias ao Minuto

06:53 - 14/01/21 por Lusa

Mundo Censo

Os funcionários envolvidos no cumprimento da ordem presidencial foram notificados a interromperem a recolha de dados, segundo um memorando emitido hoje pelo diretor do Departamento de Censo, Steven Dillingham.

A interrupção aconteceu depois de o Escritório do Inspetor-Geral, agência federal que supervisiona outros departamentos, ter revelado, na terça-feira, de que os trabalhadores estavam a ser pressionados a descobrirem quem está ilegalmente no país por dois elementos nomeados por Trump para o Departamento de Censo, Nathaniel Cogley e Benjamin Overholt.

Ainda segundo o Escritório do Inspetor-Geral, Steven Dillingham exigiu aos estatísticos do departamento a entrega de um relatório técnico sobre esse trabalho até sexta-feira.

Após conhecida essa informação, uma coligação de grupos de direitos civis exigiu a demissão de Dillingham, argumentando que o diretor estava a minar os padrões do Departamento de Censo para a qualidade dos dados, com o propósito de cumprir a ordem de Trump, "motivada por objetivos partidários".

"Não chegamos levianamente à conclusão de que se deve demitir. A ordem de Dillingham de desviar o tempo da equipa da produção de dados sobre cidadãos e não cidadãos para fins políticos e partidários é uma traição à missão do departamento", refere um comunicado da Associação Nacional de Funcionários Eleitos e Nomeados Latinos, dos Asiático-Americanos para o Avanço da Justiça e da Conferência de Liderança sobre Direitos Civis e Humanos.

As nomeações de Cogley e Overholt no ano passado foram criticadas por estatísticos, académicos e legisladores do Partido Democrata, que recearem a politização do recenseamento populacional que ocorre de 10 em 10 anos - o mais recente aconteceu em 2020.

O ainda Presidente norte-americano ordenou o Departamento de Censo a utilizar registos administrativos para descobrir as pessoas que vivem ilegalmente no país, após o Supremo Tribunal dos Estados Unidos ter recusado uma questão sobre cidadania para o questionário do recenseamento de 2020.

A ordem de Trump está, porém, em risco de não ser cumprida já que o processamento dos dados não vai ser concluída até ao início de março, já depois de Joe Biden, que venceu as Eleições Presidenciais de novembro, tomar posse como 46.º Presidente dos Estados Unidos, em 20 de janeiro.

Também os estatísticos do Departamento do Censo estão reticentes quanto aos dados recolhidos, parte deles fora da agência, por entenderem que esses dados, incompletos, podem ser mal interpretados.

"Um funcionário sénior do Departamento chegou a dizer que esse trabalho é estatisticamente indefensável", lê-se ainda no memorando do Escritório do Inspetor-Geral.

Já o presidente da Associação Americana de Estatística, Robert Santos, elogiou os denunciantes por apresentarem suas preocupações.

"Se tais dados devem ser gerados, devem ser da mais alta qualidade. Forçar o Censo a gerar dados defeituosos por causa de um prazo arbitrário vai contra o compromisso do departamento com a integridade científica", disse.

TYME//RBF

Lusa/Fim

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