Parlamento francês condena Governo pela gestão da crise sanitária
Uma comissão de inquérito no parlamento francês denunciou hoje uma "gestão deficiente da crise" de covid-19 por parte do Governo, depois de seis meses de audiências sobre a pandemia, que já matou mais de 53.000 pessoas em França.
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Mundo Covid-19
O partido do Presidente, A República em Marcha (LREM, na sigla francesa) denunciou imediatamente o relatório "parcial e tendencioso" desta comissão de inquérito da Assembleia Nacional, liderada pela oposição de direita.
A França estava "mal armada" perante a pandemia que começou no início do ano, afirmou o líder dos deputados Republicanos (LR, na sigla francesa) Damien Abad.
A gestão da crise foi "caótica" e revelou "falhas estruturais", acrescentou à imprensa Eric Ciotti, redator da LR da comissão de inquérito.
A comissão de inquérito aprovou hoje de manhã o relatório, que aponta para uma série de falhas das autoridades públicas antes e durante a crise de saúde, mas sem os votos dos deputados LREM, que se abstiveram. Todos os outros membros votaram a favor.
O relatório deve ser divulgado oficialmente daqui a cinco dias, prazo para a recolha de observações dos grupos políticos.
No total, a comissão de inquérito fez mais de 50 audiências, incluindo a do ex-primeiro-ministro, Edouard Philippe, e vários ministros da Saúde sucessivos, que duraram cerca de 130 horas no total.
A comissão de inquérito "não foi um tribunal popular, nem um tribunal judicial" e não há "interrogatório pessoal", assegurou o relator Eric Ciotti.
Desde o início da pandemia da covid-19, o Executivo francês tem sido alvo de acusações por alegadamente pôr em risco a vida de terceiros ou por homicídio involuntário.
No total, foram apresentadas 96 queixas contra ministros perante o Tribunal de Justiça da República, o único que tem competência para julgar os atos cometidos por membros do Governo no exercício das suas funções.
A França é o "quarto entre os países mais afetados da Europa", observou Ciotti.
"Há países que têm lidado melhor do que outros", insistiu, com números corroborantes: a média de União Europeia foi de 532 mortes por um milhão de habitantes, enquanto a média francesa atingiu as 727 mortes.
"Vemos falta de antecipação e subestimação do risco da pandemia, queda nos 'stocks' estratégicos, [com] problemas de fornecedores" não diversificados o suficiente, apontou Damien Abad.
Abad lembrou ainda as "mensagens contraditórias sobre máscaras, falhas na política de testes" e até mesmo os "grandes esquecidos" que eram os lares de idosos e pacientes não covid-19 durante a crise sanitária.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.482.240 mortos resultantes de mais de 63,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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