De acordo com o canal de televisão estatal TRT, desde sexta-feira já morreram 44 pessoas feira em oito províncias turcas, incluindo Istambul, e mais de 30 doentes foram hospitalizados.
As mortes foram causadas pela ingestão de uma mistura contendo produtos domésticos, disse hoje a polícia, acrescentando que foram detidas 58 pessoas suspeitas de contrafação de álcool.
A imprensa turca relatou, nos últimos dias, vários casos de pessoas que foram envenenadas após beber bebidas alcoólicas artesanais, uma prática que se generalizou nos últimos anos com o aumento contínuo dos impostos sobre o álcool.
Desde que o partido conservador islâmico, do Presidente Recep Tayyip Erdogan, assumiu o poder, em 2002, o preço da bebida alcoólica nacional, o raki, aumentou para 20 vezes mais.
Em 2002, uma garrafa de raki de 70 centílitros custava, em média, 8 liras turcas (0,86 euros), hoje o preço chega às 170 libras (mais de 18 euros) pela mesma quantidade.
Recep Erdogan, um muçulmano devoto regularmente acusado pelos seus adversários de querer islamizar a sociedade, tem-se posicionado repetidamente contra o consumo de álcool e de tabaco.
Em 2013, o seu Governo aprovou uma lei que restringia o horário de venda de álcool e atualmente o Presidente está a tentar impor o 'ayran', feito de iogurte, como bebida nacional, em vez de raki, que é um licor de anis.
O contexto levou a produção clandestina a aumentar exponencialmente, com particulares e oficinas a destilar o licor preferido da população.
A polícia turca disse hoje ter realizado, desde o início do ano, quase 1.500 operações contra a contrafação de álcool, apreendendo mais de 200.000 garrafas contendo 600.000 litros de bebida ilegal.
O principal partido da oposição, o CHP (social-democrata), já pediu a criação de uma comissão parlamentar de inquérito para fazer um balanço da fabricação de álcool falsificado na Turquia.
"Os altos impostos têm pressionado [os turcos] a fabricar álcool em segredo", lamentou o CHP no documento apresentado ao parlamento.