"Convoquei o embaixador chinês para deixar claro que tais ações hostis têm consequências graves para as nossas relações bilaterais", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros checo, Jan Lipavsky, nas redes sociais.
Segundo o governo checo, o ataque que foi realizado pelo grupo estatal chinês Advanced Persistent Threat 31 (APT31) e expos milhares de e-mails não classificados enviados entre embaixadas e instituições da União Europeia desde 2022, ano em que o país ocupou a presidência rotativa da UE.
"Com a ação de hoje, expusemos a China, que há muito trabalha para minar a nossa resiliência e democracia", disse Lipavský, citado pelo jornal Prague Morning.
Esta foi a primeira vez que o governo checo atribuiu um ciberataque a um agente apoiado pelo Estado, acusação que foi feita na sequência de uma investigação dos serviços de informações e da Agência Nacional de Segurança Cibernética e da Informação (NUKIB).
O alegado ataque chinês gerou indignação em Bruxelas e na NATO.
"A União Europeia e os seus Estados-membros, juntamente com os parceiros internacionais, solidarizam-se com a República Checa em relação à campanha cibernética maliciosa que teve como alvo o seu Ministério dos Negócios Estrangeiros", disse hoje a Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Kaja Kallas, em comunicado.
"Apelamos a todos os Estados, incluindo a China, para que se abstenham de tais comportamentos, respeitem o direito internacional e cumpram as normas e os princípios da ONU, incluindo os relacionados com as infraestruturas críticas", acrescentou.
O ataque foi também condenado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) que, numa declaração hoje divulgada, afirma ver com "crescente preocupação" o aumento das atividades cibernéticas maliciosas provenientes da República Popular da China.
"Manifestámos solidariedade para com a República Checa após a maliciosa campanha cibernética contra o seu Ministério dos Negócios Estrangeiros", que causou "danos e perturbações", refere a organização militar.
"Condenamos veementemente as atividades cibernéticas maliciosas destinadas a minar a nossa segurança nacional, as instituições democráticas e as infraestruturas críticas", sublinhou.
A NATO considerou ainda que estes ciberataques visam desestabilizar a Aliança Atlântica e garantiu que continua empenhada em "expor e combater a ameaça cibernética substancial, contínua e crescente, incluindo aos nossos sistemas democráticos e infraestruturas críticas".
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