Bruxelas, 08 out 2020 (Lusa) -- O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Stoltenberg, anunciou hoje, em Bruxelas, que as tropas da aliança irão sair do Afeganistão "junto com as dos Estados Unidos".

Numa conferência de imprensa conjunta com o primeiro-ministro da República da Macedónia do Norte, Zoran Zaev, Stoltenberg afirmou que "decidimos ir para o Afeganistão juntos, vamos tomar decisões sobre ajustamentos futuros juntos e, quando o tempo apropriado chegar, vamos sair juntos".

O anúncio surge após o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter publicado na rede social Twitter, durante a madrugada, que anunciava a retirada das tropas norte-americanas do Afeganistão antes do Natal.

"Antes do Natal, deveremos ter em casa o número restante de homens e mulheres corajosas que estão a servir no Afeganistão!", escreveu Donald Trump na sua mensagem.

Interrogado sobre o 'tweet', o secretário-geral da NATO afirmou que a Aliança Atlântica "está no Afeganistão devido a um ataque aos Estados Unidos, a 11 de setembro de 2001".

"Nessa altura, a NATO ativou, pela primeira vez na sua história, o artigo 5.º [o princípio de defesa coletiva que implica que, quando um membro é atacado, os outros aliados o devem apoiar]. É um esforço coletivo, de todos os aliados", referiu Stoltenberg.

O porta-voz da NATO realçou, no entanto, que a abordagem da NATO no Afeganistão "é baseada em condições" e que a Aliança só vai tomar decisões "consoante os acontecimentos no terreno".

"É muito importante mantermo-nos comprometidos com o futuro do Afeganistão", sublinhou Stoltenberg, referindo que faz parte dos interesses coletivos da NATO assegurar-se "de que o Afeganistão não volta a ser uma plataforma onde os terroristas podem planear e organizar ataques terroristas".

O Afeganistão e os Estados Unidos chegaram a acordo em fevereiro para a retirada de todas as tropas norte-americanas do país até maio de 2021, em troca de garantias, da parte dos talibãs, de que não permitiriam a utilização das suas bases para a organização de ataques terroristas internacionais.

Desde então, o governo afegão e os talibãs iniciaram um processo de paz, de maneira a negociar o cessar-fogo e a partilha de poder no Afeganistão pós-guerra.

A NATO tem atualmente 12.000 soldados no Afeganistão a prestarem apoio técnico e logístico às forças de segurança afegãs.