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Silêncio e luzes apagadas na sede da ONU durante semana de alto nível

Quem viu os incessantes conteúdos na página de internet e redes sociais da ONU nos últimos dias não imagina que na sede da Organização as salas estão de portas abertas e luzes apagadas, os corredores vazios e os cafés sem mesas.

Silêncio e luzes apagadas na sede da ONU durante semana de alto nível
Notícias ao Minuto

16:26 - 29/09/20 por Lusa

Mundo ONU

Este ano, as ruas não foram cortadas para colocar escoltas policiais e deixar passar carros diplomáticos que levam chefes de Estado ou membros de governos de todo o mundo em direção à Assembleia Geral, cuja 75.ª sessão foi inaugurada em 17 de setembro e mantém reuniões de alto nível até 05 de outubro, com o debate geral a terminar hoje.

Numa altura em que, devido à pandemia da covid-19, a reabertura da cidade de Nova Iorque e da sede da ONU é muito gradual e sem garantias de avanço, a sessão da Assembleia Geral, o maior momento da diplomacia internacional, teve de ser adaptada à forma como o mundo trabalhou nestes últimos meses, para o meio virtual.

O trânsito ocorre sem problemas na Primeira Avenida de Nova Iorque, das ruas 42 à 48, onde a sede da ONU ostenta vários edifícios interligados, uma torre de 39 andares e largos jardins com estátuas.

Pela primeira vez, foi desincentivada a vinda de políticos e diplomatas dos 193 Estados-membros da ONU, o que foi lamentado, mas compreendido por todas as partes.

António Guterres, secretário-geral da ONU, reconheceu que o mundo está "virado de cabeça para baixo" e que o salão da Assembleia Geral "é uma das vistas mais estranhas", no discursos que fez na abertura do debate geral, na passada terça-feira.

O silêncio é quase total à volta da ONU e nas amplas salas e corredores do interior da estrutura, que tem uma capacidade para 4.200 pessoas ao mesmo tempo. Aliás, tem sido assim há meio ano, desde que se confirmou o primeiro caso de infeção por covid-19 na organização.

Não há barreiras ao redor de cinco quarteirões e faltam as filas de gente a tentar entrar no espaço das Nações Unidas. Com limitação nas deslocações, a política internacional e as perguntas dos jornalistas fazem-se, predominantemente, das residências oficiais e de casa, por reuniões 'online' ou híbridas, em que um número reduzido de pessoas participa presencialmente.

Em vez dos atrasos, correrias debaixo do sol e alguns empurrões acidentais, houve problemas técnicos na transmissão de vídeo e de som e casos pontuais de discursos a serem cortados por ultrapassarem o limite de três minutos em mesas redondas virtuais.

Na 75.ª sessão da Assembleia Geral, só os passeios à volta da sede da ONU estão rodeados de barreiras metálicas. Em cada bloco, dois polícias para aguardar pessoas credenciadas, silenciosamente atrás das máscaras a sorrir com o olhar.

Uma equipa de jornalistas bem menor do que era habitual nesta altura do ano mantém câmaras apontadas para os portões, guardados por seguranças, ou para as quase 200 bandeiras que dançam com as ondas do vento.

Para além dos trabalhadores da organização, apenas os 193 representantes permanentes junto da organização, com cartões que tem uma letra D bem grande e branca (delegação) têm entrada no edifício da Assembleia Geral, onde, no salão de conferências, entram e saem por filas e por ordem alfabética, e constantemente ouvem conselhos de distanciamento.

Os movimentos no salão da Assembleia Geral são muito menores do que em anos anteriores e quase ninguém se atreve a sair da mesa que lhe foi atribuída para se apresentar a uma delegação estrangeira, até porque não há delegações a acompanhar. Uma única pessoa por país marca presença e apenas no dia em que tem de apresentar o discurso no debate geral.

Ainda assim, os compromissos com a ONU foram reafirmados pela maioria dos Estados-membros e nem por vídeo faltaram as críticas e troca de acusações entre países.

No edifício do secretariado-geral, onde os jornalistas com acreditação conseguem entrar depois de pedir autorização por 'email', continuam expostos cartazes cheios de cor, a chamar a atenção para algumas causas, princípios e objetivos.

O Café Viena, um dos lugares onde se podiam fazer pausas para café e almoço, no meio de um corredor de salas de conferência, não tem mesas nem cadeiras. Um aviso informa: "Área fora de serviço. Não utilizar como 'lounge'".

As salas de conferência têm as portas abertas, como raramente, mas as luzes apagadas, como nunca no horário de trabalho.

Passam uma ou outra pessoa, em intervalos espaçados, entre as obras de arte, esculturas e pinturas expostas. Há um ou dois agentes de segurança em alguns sítios, para supervisionar as entradas e saídas, que existem, mas são poucas.

Num outro andar, as mensagens de vídeo que os chefes de Estado e de Governo gravaram para esta semana da ONU passam em ecrãs gigantes, numa sala com luzes ligadas, mas vazia.

Ecrãs afixados em algumas paredes, que deviam informar qual seria a reunião que está a decorrer atrás das portas, transmitem o aviso de "No face to face reunions" (não há reuniões presenciais). Passam, depois, pedidos de usar máscaras e de manter a distância.

Durante a semana passada, foram muitos os elogios ao presidente da Assembleia Geral e ao secretário-geral da ONU pela decisão de aproveitar a tecnologia para recriar os encontros e minimizar os riscos de transmissão da covid-19.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 33,1 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Os Estados Unidos são o país com mais mortos (204.762) e também com mais casos de infeção confirmados (mais de 7,1 milhões). A cidade de Nova Iorque chegou a ser considerada epicentro da pandemia no país.

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