Ex-primeiro-ministro maltês interrogado no homicídio de Daphne Galizia

O antigo primeiro-ministro de Malta, Joseph Muscat, disse à imprensa que foi hoje interrogado pela política, na sequência da investigação sobre o homicídio da jornalista maltesa Daphne Caruana Galizia, em 2017.

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Lusa
21/08/2020 19:30 ‧ 21/08/2020 por Lusa

Mundo

Malta

 

"A política confirmou-me que não estou a ser investigado em relação a este caso", disse Muscat aos jornalistas, citado pela agência France-Presse (AFP), à saída da esquadra de Floriana, em Malta.

O homicídio de Daphne Caruana Galizia, na sequência de uma explosão dentro de um veículo, em 16 de outubro de 2017, em Malta, provocou uma hecatombe política no país.

Muscat saiu do Governo em janeiro do ano seguinte sob acusações de ter interferido na investigação ao homicídio da jornalista maltesa para proteger algumas das pessoas que estavam a ser investigadas.

Pelo menos três homens estão acusados de ter cometido este crime, e um empresário, Yorgen Fenech, é acusado de ter financiado o homicídio.

Fenech foi detido em novembro, juntamente com o chefe do gabinete de Muscat, Keith Schembri, mas que foi, entretanto, libertado, apesar de ainda estar sob investigação.

Contudo, Yorgen Fenech diz que Schembri é o "verdadeiro patrocinador" do crime.

Fenech, que se declarou inocente, foi detido no Mediterrâneo a bordo do seu iate, quando aparentemente tentava abandonar Malta.

Após investigações realizadas em colaboração com a Interpol (Organização Internacional de Polícia Criminal) e a polícia federal norte-americana (FBI), três homens considerados como autores materiais do crime estão a ser julgados e Jorge Fenech foi acusado de cumplicidade.

Daphne Caruana Galizia, que investigava casos de corrupção na elite política e empresarial de Malta, foi morta a 16 de outubro de 2017 com um engenho explosivo colocado no seu automóvel.

A jornalista investigava na altura políticos malteses, incluindo Joseph Muscat e a mulher, a partir de revelações dos "Papéis do Panamá", tendo nomeadamente escrito que o então ministro com a pasta da Energia, Konrad Mizzi, e o então chefe de gabinete do primeiro-ministro, Keith Schembri, teriam recebido cerca de dois milhões de euros de uma empresa do Dubai, a 17 Black, por serviços não precisados.

O grupo de investigação Daphne Project, que retomou as investigações da jornalista após a sua morte, descobriu que a 17 Black pertencia a Yorgen Fenech, tese corroborada pela justiça maltesa no âmbito de uma série de detenções por lavagem de dinheiro.

Em finais de novembro, os procuradores de Malta indiciaram Yorgen Fenech.

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