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França denuncia manobra turca "extremamente agressiva" no Mediterrâneo

Um navio francês que participa numa missão da NATO no Mediterrâneo foi recentemente alvo de uma manobra "extremamente agressiva" por parte de fragatas turcas, indicou o Governo francês, que pretende denunciar um comportamento "muito grave" durante uma reunião da aliança militar ocidental que hoje decorre.

França denuncia manobra turca "extremamente agressiva" no Mediterrâneo
Notícias ao Minuto

14:38 - 17/06/20 por Lusa

Mundo Líbia

Num momento em que a fragata francesa procurava identificar um navio suspeito de transportar armas para a Líbia, "as fragatas turcas intervieram e iluminaram o Coubert por três vezes com o seu radar de condução de tiro", no que constitui um "ato extremamente agressivo", referiu o ministério das Forças Armadas (Ministério da Defesa) antes de uma vídeo conferência dos ministros da Defesa da Aliança Atlântica.

"Na nossa perspetiva, este caso é muito grave (...). Não podemos aceitar que um aliado se comporte desta forma, e que o faça contra um navio da NATO sob comando da NATO e envolvido numa missão da NATO" assinalou Paris, prevenindo que a ministra das Forças Armadas, Florence Parly, vai "pôr os pontos nos i" durante esta reunião sobre "a atitude turca no conflito líbio".

"Estes movimentos de navios entre a Turquia e Misrata (noroeste da Líbia), por vezes acompanhados de fragatas turcas, não contribuem para o desanuviamento", sublinhou o ministério, que denunciou ainda o facto de as embarcações turcas "utilizarem indicativos NATO para se identificarem no decurso das suas missões de escolta".

Em simultâneo, fontes diplomáticas e responsáveis oficiais citados pela agência noticiosa Associated Press (AP) consideraram em Bruxelas que a Turquia está a comprometer os esforços da NATO no auxílio à operação naval da União Europeia (UE) no Mediterrâneo e que tenta reforçar o embargo às armas em torno do conflito na Líbia.

A operação, designada Irini, a palavra grega para "paz", foi desencadeada em 01 de abril. O Conselho Europeu indicou que o seu principal objetivo consiste "na implementação do embargo às armas decretado pela ONU através da utilização de meios aéreos, marítimos e de satélite".

O tom entre Paris e Ancara tem-se agravado nos últimos dias. Na segunda-feira, o chefe da diplomacia francesa, Jean-Yves Le Drian, condenou o "crescente apoio militar" da Turquia ao Governo de Acordo Nacional (GAN), sediado em Tripoli, em "violação direta do embargo das Nações Unidas". Na véspera, a presidência francesa tinha já denunciado o intervencionismo "inaceitável" de Ancara.

Ancara rejeitou estas críticas sobre o seu apoio armado ao Governo de Tripoli na Líbia, ao acusar por sua vez Paris de "obstaculizar à paz" ao apoiar o campo adverso.

A Turquia, um membro da NATO e cujos esforços para a integração na UE permanecem bloqueados, suspeita que a operação Irini se concentre mais no GAN em detrimento das forças rivais do marechal dissidente Khalifa Haftar.

Na Líbia, a Turquia apoia militarmente o GAN de Fayez al-Sarraj reconhecido pelas Nações Unidas -- também com a contribuição do Qatar e da Itália -- face às forças de Khalifa Haftar, o homem forte do leste apoiado designadamente pela Rússia, Egito, Jordânia e Emirados Árabes Unidos.

A França, apesar das declarações oficiais em contrário, é também acusada de apoiar Haftar, que recentemente registou importantes reveses militares no terreno.

Os dois campos rivais disputam o poder no país produtor de petróleo, em situação de caos desde o derrube do regime de Muammar Kadhafi em 2011, na sequência de uma revolta interna e de uma decisiva intervenção militar da NATO, em que a França se destacou juntamente com Reino Unido e Estados Unidos.

Em abril de 2019, Khalifa Haftar desencadeou uma ofensiva em direção à capital, mas as suas forças não conseguiram entrar na capital.

A guerra civil na Líbia, que se tem agravado na sequência do crescente envolvimento de potências estrangeiras, provocou milhares de mortos, incluindo muitos civis, e mais de 200.000 deslocados.

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