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Limpeza da Escola Portuguesa de Díli vai demorar pelo menos uma semana

 A limpeza de toneladas de terra e pedras acumuladas no recinto da Escola Portuguesa de Díli, em Timor-Leste, após fortes inundações na sexta-feira, vai demorar "pelo menos uma semana", disse à Lusa o diretor do estabelecimento.

Limpeza da Escola Portuguesa de Díli vai demorar pelo menos uma semana
Notícias ao Minuto

06:49 - 14/03/20 por Lusa

Mundo Timor-Leste

"Tomarei uma decisão definitiva amanhã, mas as coisas estão muito pior do que o que pensávamos", afirmou Acácio de Brito.

"Os técnicos que estão aqui dizem que temos trabalho para pelo menos uma semana", explicou.

Desde manhã cedo que várias equipas estão a começar a dura tarefa de limpar as toneladas de lodo, pedras e a lama acumuladas no interior do recinto escolar, tanto no edifício principal como, em particular, nas traseiras da escola.

A ribeira vizinha alagou -- continua cheia de terra que está a ser removida com equipamento pesado --, parte da estrada rui, árvores caíram e a torrente de água que varreu a escola encheu o recinto de material.

No local têm estado alguns efetivos de engenharia das Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL), chamados pelo comandante da instituição, Lere Anan Timur, que bem cedo visitou a escola para avaliar os estragos.

"Foi uma noite de tragédia em Díli, e também aqui na escola Ruy Cinnati. Já mobilizei membros da engenharia para tirar aqui esta sujidade toda para poder normalizar as coisas", adiantou à Lusa.

Explicando a situação, que residentes da zona dizem nunca ter acontecido, Lere Anan Timur culpa as alterações climáticas, mas também a "negligência" da população e a falta de manutenção e planeamento por parte do Governo.

"Antes não havia casas nas encostas, agora a população tem a tendência a encostar-se nas montanhas, fazem escavações, sem proteção, e quando a chuva vem traz agua para a cidade e é um desastre", disse.

"Também penso que o Governo não tem planeamento referente à urbanização e então todos os anos vai continuar a acontecer a mesma coisa, a não ser que mudemos a cidade para outro lado", afirmou.

Noutro ponto da cidade, o ex-Presidente José Ramos-Horta, que hoje andou a inspecionar os estragos, atribui a ocorrência a um "grande desastre natural" que não deixou grandes estragos físicos.

"Os estragos físicos não são de grande monta, muito lodo, algumas casas pobres destruídas. São desastres que acontecem em Timor, mas que também acontecem noutros países, como ocorreu na ilha da Madeira há 10 anos ou na Austrália", explicou à Lusa.

"Eu não gosto que, sempre que há uma tragédia, é logo a criticar o Goernon, a dizer que não fizeram nada. Mas a nossa sociedade também contribui para isto. Quantas vezes eu apelo para não mandarem lixo para os leitos dos rios, que entope tudo quando vem a chuva", comentou.

Ramos-Horta diz que o Governo deve agora adotar medidas para compensar algumas empresas, mas também adotar mais controlo da construção.

"É preciso mais rigor, mais policiamento, para fisicamente impedirem as construções ilegais", disse, citando como exemplo o caso de algumas casas, perto, sobre as quais lançou um aviso de queda iminente há duas semanas e que "caíram ontem [sexta-feira]".

"O pessoal não ouve o que o município diz, atira lixo para as ribeiras quando estão secas, fazem das ribeiras uma lixeira. E também é preciso que o Governo faça drenagem mais frequente, mais regular e barreiras de pedra nas ribeiras", sustentou.

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