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Primeiro-ministro designado renuncia à formação de governo no Iraque

O primeiro-ministro designado do Iraque, Mohammed Allawi, renunciou hoje a formar governo, uma decisão que deverá agravar a crise política e exacerbar os protestos de rua contra os dirigentes do país, que decorrem há cinco meses.

Primeiro-ministro designado renuncia à formação de governo no Iraque
Notícias ao Minuto

20:02 - 02/03/20 por Lusa

Mundo Iraque

Perante manifestações determinadas e apesar de cerca de 550 mortos, os receios do novo coronavírus e a baixa dos preços do petróleo, a única fonte de divisa do Iraque, "os dirigentes estão numa letargia", denunciou um alto responsável iraquiano sob anonimato em declarações à agência noticiosa AFP.

O até agora primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi, demissionário, e a sua equipa "continuam como se nada acontecesse", assegurou. Demissionário em dezembro, Abdel Mahdi assegurou no domingo que terminaria hoje a gestão dos assuntos correntes. No entanto, optou por se manter no seu posto.

Mahdi, que já não preside aos conselhos de ministros, explicou que iria apenas "retirar-se" pelo facto de o "vazio constitucional" constituir "o maior perigo" e que seria melhor aguardar pela aprovação de um governo pelo parlamento.

Mohammed Allawi, designado no início de fevereiro para chefiar o governo, nunca apresentou a sua lista de ministros ao parlamento pelo facto de o hemiciclo, o mais dividido da história recente do Iraque, não ter garantido quórum.

"Existem setores que apenas negoceiam pelos seus próprios interesses", disse Allawui no domingo, ao anunciar que desistia de prosseguir os contactos.

O influente líder xiita Moqtada Sadr, que não deixa de emitir mensagens díspares dirigidas aos políticos e aos manifestantes, denunciou os "corruptos" que tornaram o país "refém".

A Constituição não prevê a opção de uma saída do primeiro-ministro no decurso do seu mandato. A demissão de Abdel Mahdi é sem precedentes, assim como o fracasso do seu sucessor designado.

De acordo com a lei, cabe ao Presidente, Barham Saleh, desbloquear a situação. O chefe de Estado tem agora 15 dias para designar um novo chefe de governo, sem pedir o conselho dos grandes blocos parlamentares como obrigava a Constituição para Allawi.

De acordo com fontes políticas, já fez a sua escolha: o chefe dos serviços de informações Mustafa al-Kazimi, considerado "um homem dos americanos", mas que numerosos observadores indicam também manter boas relações com o Irão, as duas grandes potências envolvidas no Iraque.

Na noite de hoje, o porta-voz das brigadas do Hezbollah, a fação pró-Irão mais radical do Iraque, rejeitou firmemente esta candidatura. Seria "uma declaração de guerra", avisou Abu Ali al-Askari no Twitter. Kazimi "é acusado de ter ajudado o inimigo americano" a assassinar o general iraniano Qassem Soleimani em Bagdad em janeiro.

Na praça Tahrir em Bagdad, epicentro da contestação, os manifestantes continuam a exigir uma nova classe política, e a acusar os atuais dirigentes de corrupção e de incompetência em assegurar os serviços mínimos, como eletricidade, empregos, ou cuidados médicos.

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