Em 22 de fevereiro de 2019 milhões de argelinos insurgiram-se pacificamente contra a perspetiva de um 5.º mandato do presidente Abdelaziz Bouteflika e em 02 de abril o "Hirak" obtinha a demissão do chefe de Estado, no poder há 20 anos.
No entanto, este inédito movimento de protesto continuou a reivindicar uma verdadeira rutura com o "sistema" político em vigor desde a independência do país em 1962, e caracterizado por um largo predomínio da hierarquia militar.
Em 12 de dezembro, e na sequência de eleições presidenciais ignoradas pela maioria dos argelinos após o "Hirak" apelar ao boicote eleitoral, Abdelmadjid Tebboune, antigo colaborador próximo de Bouteflika, foi eleito novo chefe de Estado e de imediato tentou seduzir a contestação ao referir que pretendia "estender a mão".
O movimento de protesto interpretou o escrutínio presidencial como uma manobra do poder para se regenerar, mas um ano após a "conquista das ruas" o "Hirak" interroga-se sobre o seu futuro, confrontado com o risco de esvaziamento e as manobras contraditórias do regime.
Na quarta-feira, Tebboune decidiu decretar "Dia Nacional" a data do início da contestação, e através de um comunicado a presidência informou que "o dia 22 de fevereiro será declarado anualmente 'Dia Nacional' da fraternidade e da coesão entre o povo e as suas Forças Armadas".
Em paralelo, um encontro previsto para quinta-feira em Argel, que deveria reunir diversos coletivos do "Hirak", foi adiado pelo facto de as autoridades não terem respondido ao pedido de atribuição de uma sala.