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Investigação sobre homicídio de jornalista agrava crise política em Malta

A investigação do assassínio da jornalista Daphne Caruana Galizia, em 2017, ameaça uma crise política em Malta com a demissão hoje de dois ministros, horas após a demissão do chefe de gabinete do primeiro-ministro.

Investigação sobre homicídio de jornalista agrava crise política em Malta
Notícias ao Minuto

17:06 - 26/11/19 por Lusa

Mundo Malta

O ministro do Turismo Conrad Mizzi anunciou a renúncia ao cargo apenas um dia após assegurar aos 'media' que não tomaria essa decisão. Em simultâneo, o titular da Economia, Chris Cardona, disse que se "autossuspendia" de funções até à conclusão das investigações sobre o crime.

Mizzi anunciou a sua renúncia após uma reunião do gabinete, apesar de não ter ficado claro se optou voluntariamente pela decisão ou se foi forçado a demitir-se, referiu o jornal diário Times of Malta.

"No contexto das atuais circunstâncias políticas, senti que era meu dever renunciar por lealdade ao povo, ao Partido Trabalhista e ao primeiro-ministro", assinalou.

"Quero deixar claro uma vez mais que não tive qualquer associação, direta ou indireta, com [a empresa] 17 Black ou [o empresário] Yorgen Fenech", acrescentou.

O ministro demissionário referia-se ao empresário Yorgen Fenech, detido na semana passada no Mediterrâneo a bordo do seu iate e indicado como suposto mandante do crime ocorrido em 2017.

A demissão dos dois ministros ocorreu poucas horas após o primeiro-ministro, Joseph Muscat, anunciar a renúncia do seu chefe de gabinete, Keith Schembri, que na segunda-feira foi interrogado pela polícia em relação com o assassínio de Caruana Galizia.

O empresário detido na passada semana é acionista da companhia da central elétrica Electrogas, que foi mencionada nos Papéis do Panamá como a estrutura que depositava fundos de Mizzi e Schembri em empresas secretas do país.

Antigo ministro da Energia, Mizzi foi responsável pela concessão do contrato da Electrogas e a construção da central elétrica.

Muscat anunciou a demissão do seu chefe de gabinete na manhã de hoje após algumas fontes terem revelado que Schembri estava a ser interrogado na sede da polícia em relação com a investigação do assassinato, referiu a agência noticiosa Efe.

As fontes assinalaram que o empresário Yorgen Fenech relacionou Schembri com casos de corrupção e com o assassínio da jornalista.

Na sua comparência perante os 'media' no Albergue de Castilla, a sede do executivo, Muscat declinou comentar estas informações alegando que não estava a par dos detalhes da investigação.

Schembri foi acusado de corrupção pela própria Caruana Galizia, a jornalista de investigação de 53 anos assassinada por uma bomba colocada no seu automóvel em 16 de outubro de 2017 perto da sua residência de La Valetta, um caso que comoveu a opinião pública maltesa e europeia.

O caso ameaça atingir o próprio primeiro-ministro, que hoje admitiu novas consequências da investigação.

"Demito-me se existir alguma forma de relação entre mim e o assassínio", apesar de insistir que "nunca" fez "vista grossa" perante a corrupção.

A polícia de Malta deteve na quarta-feira e no seu iate Yorgen Fenech, considerado um dos mais importantes empresários do país insular, pelo seu alegado envolvimento no crime.

Fenech é dono da empresa 17 Black e dirige ainda a central elétrica e de gás de Malta, que era alvo de investigações da jornalista assassinada.

Um dia antes da detenção de Fenech, Muscat ofereceu o indulto pessoal a um suposto intermediário na morte da jornalista e identificado posteriormente como Melvin Theuma, após ter colaborado com as autoridades.

A jornalista Caruana também investigava a relação da classe política maltesa, incluindo o primeiro-ministro e sua mulher, com os Papéis do Panamá e outros casos de corrupção.

Apesar de o primeiro-ministro ter oferecido um milhão de euros para informações sobre o atentado, numa tentativa de apaziguar o escândalo, os filhos da jornalista, Matthew, Andrew e Paul, emitiram fortes acusações ao Governo de Malta e definiram o país como "mafioso".

Exigiram ainda a demissão de Muscat e de outros altos responsáveis do Estado, ao considerá-los responsáveis pela impunidade que, na sua perspetiva, se manifesta perante o crime e as irregularidades.

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