RDCongo confirma quatro mortos em manifestações na base da MONUSCO
A polícia da República Democrática do Congo (RDCongo) confirmou hoje que quatro civis morreram e várias pessoas foram feridas numa manifestação de segunda-feira contra a missão das Nações Unidas no noroeste do país, informaram agências internacionais.
© Reuters
Mundo Congo
Centenas de manifestantes roubaram e incendiaram propriedades da base da Missão das Nações Unidas para a República Democrática do Congo (MONUSCO)no bairro de Boikene, na cidade de Beni, no noroeste do país, durante um protesto contra a "passividade" da organização em relação aos ataques dos insurgentes ugandeses muçulmanos radicais das Forças Aliadas Democráticas (ADF).
"Houve quatro mortos entre os manifestantes e vários feridos", declarou hoje por telefone, citado pela agência Efe, o coronel da polícia em Beni, Safari Kazingufu, acrescentando que os dados são provisórios e que não tem como precisar o número de feridos.
Representantes da sociedade civil da cidade confirmaram o mesmo número de mortos e revelaram que 18 pessoas ficaram feridas, de entre efetivos das forças de segurança e civis.
A ativista Angelus Kavuthirwaki assegurou que a polícia e o exército da RDCongo tentaram dispersar a multidão com "balas reais".
O porta-voz da MONUSCO, Mathias Gillman, afirmou hoje que a situação foi tensa, uma vez que os manifestantes, munidos de pedras, atacaram os membros da organização, obrigando-os a deslocarem-se até ao aeroporto de Mavivi, a oito quilómetros de Beni.
Mathias Gillman fez uma avaliação dos danos materiais no recinto, onde foram incendiados quatro jipes, o muro do complexo foi danificado e várias instalações foram incendiadas.
Os manifestantes, que também incendiaram a Câmara Municipal de Beni, protestavam contra a inação da MONUSCO perante os vários ataques das ADF, cujo último ataque matou oito pessoas no domingo.
Na segunda-feira, o Presidente da RDCongo, Félix Tshisekedi, convocou o Conselho de Segurança Nacional para abordar a situação e deu autorização para que o exército e a MONUSCO atuem conjuntamente para proteger a população de Beni.
As ADF, cuja campanha começou como uma contestação política ao regime do Presidente ugandês Yoweri Museveni, em 1996, tem atacado a RDCongo, país que partilha fronteira com o Uganda.
Os ataques concentram-se maioritariamente em Kivu do Norte, onde roubam mantimentos.
Ainda que o programa das ADF não seja muito conhecido, sabe-se que têm uma ligação com o grupo 'jihadista' extremista Estado Islâmico.
Desde que o exército congolês começou uma operação contra os rebeldes ugandeses, no principio do mês, as ADF mataram dezenas de pessoas em ataques sucessivos, o que motivou protestos entre os civis que não se sentem seguros.
O noroeste da RDCongo tem sofrido com conflitos entre milícias rebeldes e o exército, sob a supervisão da MONUSCO, que tem mais de 18 mil efetivos no país.
Os grupos armados têm dificultado o combate ao vírus do Ébola que afeta províncias como Kivu do Norte e Ituri, desde agosto de 2018, e que já matou 2.198 pessoas, segundo os mais recentes dados oficiais.
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