Síria: Moscovo informou Ancara sobre retirada "total" da milícia curda
O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, confirmou hoje que a Rússia informou Ancara sobre a retirada "total" das forças curdas das posições junto da fronteira entre a Turquia e a Síria, no nordeste do território sírio.
© Reuters
Mundo Erdogan
"A Rússia transmitiu às nossas autoridades competentes a informação de que os grupos terroristas [designação aplicada pelas autoridades turcas à milícia curda das Unidades de Proteção Popular -- YPG] retiraram-se totalmente" das zonas fronteiriças, afirmou Erdogan, durante um discurso na capital turca, Ancara, transmitido pela televisão.
Ao início da tarde de hoje, a Rússia dava por terminada a retirada das forças curdas no norte da Síria, ao abrigo de um acordo firmado a 22 de outubro entre Moscovo e Ancara.
"A retirada das unidades armadas do território no qual deverá ser criado um corredor de segurança terminou mais cedo do que o previsto", disse o ministro da Defesa russo, Sergueï Choïgou, citado pelas agências de notícias russas.
De acordo com os termos do acordo concluído na semana passada entre Erdogan e o seu homólogo russo, Vladimir Putin, a milícia curda das YPG tinha até hoje às 15:00 (hora de Lisboa) para sair das suas posições junto da fronteira com a Turquia.
A Turquia lançou, a 09 de outubro, uma ofensiva no nordeste da Síria contra a milícia curda das YPG, aliada dos ocidentais no combate aos 'jihadistas' do grupo Estado Islâmico, mas considerada terrorista por Ancara.
A ofensiva turca surgiu após o anúncio do Presidente norte-americano, Donald Trump, de que as tropas dos Estados Unidos iam abandonar a zona em causa.
O objetivo da operação foi criar uma "zona de segurança" de 32 quilómetros de extensão ao longo da fronteira entre a Turquia e Síria para manter as YPG à distância e repatriar uma parte dos 3,6 milhões de refugiados sírios que atualmente vivem no território turco.
Após o cumprimento do prazo estipulado pelo acordo assinado entre Putin e Erdogan, patrulhas conjuntas turcas e russas serão destacadas para vigiar uma faixa com 10 quilómetros de profundidade ao longo da fronteira.
Nenhuma data concreta foi divulgada para o início deste patrulhamento conjunto, mas os 'media' turcos estão a avançar que as patrulhas poderão começar já na quarta-feira.
Ancara interrompeu a sua ofensiva no nordeste da Síria na sequência de dois acordos negociados em separado com os Estados Unidos e com a Rússia.
O acordo firmado com Washington, anunciado a 17 de outubro, estabeleceu um cessar-fogo de cinco dias para facilitar uma "retirada ordenada" das tropas lideradas pelos curdos da fronteira turca.
O Presidente turco afirmou em várias ocasiões que a ofensiva turca seria retomada caso as YPG não se retirassem das áreas cobertas pelos acordos estabelecidos com Washington e com Moscovo.
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