Numa conferência de imprensa na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque, Guterres excluiu, porém, a possibilidade de se encontrar com Juan Guaidó, no caso de o líder da oposição venezuelana se deslocar à assembleia anual da ONU, a realizar na próxima semana, em Nova Iorque, nos Estados Unidos.

"Não, não está previsto", respondeu Guterres depois de interrogado sobre um eventual encontro com Juan Guaidó, também presidente do parlamento venezuelano, admitindo, todavia, que as Nações Unidas mantêm contactos "regulares" com a oposição local.

Segundo as agências noticiosas espanhola Efe e francesa AFP, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, não tem previsto deslocar-se a Nova Iorque, mas o Governo venezuelano já anunciou que irá apresentar uma petição contra as sanções impostas pelos Estados Unidos ao país.

Relevando que a ONU não é o local das negociações entre o poder e a oposição, António Guterres expressou, contudo, "confiança" na possibilidade de o diálogo entre as duas partes ser relançado sob a égide da Noruega, interrompido recentemente.

Cerca de meia centena de países, entre eles os Estados Unidos, reconhece Juan Guaidó como Presidente interino da Venezuela e considera "ilegítimo" o poder exercido por Maduro.

Fontes citadas pela AFP indicaram que, antes do início dos trabalhos da Assembleia-Geral da ONU, está prevista para a próxima segunda-feira, em Nova Iorque, uma reunião do grupo de contacto sobre a crise venezuelana.

Sobre o encontro com os presidentes da Venezuela e Colômbia, o secretário-geral das Nações Unidas lembrou que a intenção é fazer baixar a tensão entre os dois países, "uma vez que é muito importante evitar uma escalada do conflito".

"Vou aproveitar [a assembleia-geral] para falar sobretudo com a Venezuela e Colômbia, porque me parece também muito importante evitar que haja uma escalada do conflito", explicou Guterres, tendo em conta que Nova Iorque irá receber na próxima semana boa parte dos líderes mundiais.

Entre eles aguarda-se a deslocação do Presidente colombiano, Iván Duque, enquanto subsistem as dúvidas em relação à Venezuela, cuja delegação, indica hoje a Efe, será liderada pela vice-presidente Delcy Rodrigues e pelo chanceler Jorge Arreaza.

No entanto, também é aguardada em Nova Iorque uma delegação da oposição a Maduro, chefiada, em princípio, por Juan Guaidó, que indicou já ter a intenção de participar em fóruns paralelos à Assembleia-Geral da ONU.

Na semana passada, a ONU apelou ao diálogo entre a Colômbia e a Venezuela depois de um aumento da tensão política e diplomática entre os dois países, sobretudo após o início de manobras militares venezuelanas na região fronteiriça.

Em resposta, Duque afirmou que o Governo colombiano só pode dialogar com Guaidó, que considera ser o "Presidente legítimo da Venezuela".