Walking Football. Para os mais sedentários, que passam a vida a ouvir falar sobre a necessidade de praticar exercício físico, esta poderia ser a modalidade perfeita. Para Christopher Wright, porém, esta modalidade é muito mais do que um simples desporto.

Mudou-se há 14 anos para Portugal, movido “pelas pessoas, clima e estilo de vida”. Resumindo, “é um ótimo sítio para nos reformarmos”, considera. Contudo, para este britânico de 74 anos, tal não é sinónimo de uma espécie de férias em território nacional, mas antes uma oportunidade para poder fazer a diferença. E é isso que tem feito.

Assim que chegou ao país, Chris juntou-se ao Sporting Clube Olhanense, no Algarve, para a organização de várias atividades desportivas, sobretudo para estrangeiros de férias na região algarvia. A sua ligação ao clube atinge hoje níveis superiores, tendo já Chris sido condecorado pelo clube como sócio do ano em 2014, pelo trabalho desenvolvido em prol do clube.

Chris com Sérgio Conceição, na altura em que o atual técnico do FC Porto vestia as cores do clube algarvio© D.R.

Mas se o Walking Footbal é uma das grandes bandeiras do seu trabalho, a ação deste britânico vai muito mais além.

O ‘Walking Footbal’ - uma modalidade de futebol numa marcha mais lenta e para jogadores mais maduros - foi concebido em 2011 pelo Chesterfield FC Community Trust, tendo entretanto popularizado-se por toda a Europa. Em Portugal, chegou através de terras algarvias há quatro anos. Com esta modalidade, Chris tem conseguido juntar turistas de visita ao país para a prática de uma atividade desportiva em que a segurança física dos seus praticantes é o mais importante. E, acima de tudo, tem usado a mesma como uma rampa de lançamento para desenvolver ações de solidariedade.

Chris num dos muitos eventos de futebol por si organizados para desportistas 'mais maduros'© D.R.

Entre os vários trabalhos que faz, está a sua colaboração com o Centre Algarve – um centro de férias para crianças com necessidades especiais -, com o qual colabora na realização e na organização de atividades mas também na angariação de fundos, colaborando ainda com alguns jornais locais para a redação de notícias em inglês para turistas.

O seu trabalho e o contributo que tem tido para a comunidade britânica, não passam despercebidos... e até a rainha Isabel II está atenta a este trabalho. Sim, leu bem. Os olhos do Buckingham Palace estão atentos ao que se passa em território nacional e querem mesmo premiar um trabalho que Chris garante não ser feito a pensar nas recompensas, mas sim pelo prazer de ajudar os outros.

“Faço-o porque quero e porque faz bem a muitas pessoas. Na minha vida profissional, no Reino Unido, já trabalhava com pessoas jovens. E acredito que colhemos os frutos que plantamos na vida. Conhecer pessoas e contribuir para que estas estejam bem é muito importante”, afirma o Chris, cuja máxima é “Fitness, fun and friendship” [desporto, diversão e amizade].

O convite da rainha Isabel II dirigida ao britânico de 74 anos© D.R.

Chris e a sua esposa foram convidados a visitar o palácio onde reside a monarca de Inglaterra, no âmbito de “um convite para ‘beber chá’ com a rainha”, brinca o próprio. O evento que contou com centenas de participantes não permitiu a Chris confraternizar a sós com Isabel II, mas nem por isso se diz sentir menos lisonjeado. 

“Sinto-me muito honrado. Um pouco surpreendido”, confessa, revelando que os últimos dias têm sido “frenéticos”, mas muito especiais.

Chris e a esposa no Buckingham Palace, num evento que decorreu em maio© D.R.

E se na visita a Buckingham não foi o principal protagonista, o mesmo não acontecerá esta quarta-feira, dia em que será recebido na embaixada do Reino Unido, em Lisboa, onde receberá a condecoração pelas mãos do embaixador Chris Sainty .

Mas Chris - o condecorado - decidiu partilhar as atenções com a modalidade que tem vindo a dinamizar em Portugal. Isto porque o evento, por sugestão do próprio, contará com uma sessão de Walking Football de cinco, entre membros das equipas da modalidade de Olhão e Tavira, e também da Fundação Benfica e colaboradores do embaixada britânica.

"O mais importante são as pessoas. Não sou eu! São as pessoas que se juntam [para uma atividade física] e os benefícios físicos que daí advêm", reforça o homem que em cada palavra tenta fazer jus ao motivo pelo qual foi reconhecido pelo seu país natal.