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Países africanos têm de melhorar resposta aos desastres naturais

África deve melhorar a capacidade de resposta aos desastres naturais, defendeu o coordenador do Relatório Global sobre Deslocados internos (GRID2019), apontando a resposta tardia do governo e da comunidade internacional aos ciclones que atingiram Moçambique.

Países africanos têm de melhorar resposta aos desastres naturais
Notícias ao Minuto

23:01 - 09/05/19 por Lusa

Mundo ONG

Vicente Anzellini, do Centro de Monitorização de Deslocados Internos (IDMC, na sigla inglesa) do Conselho Norueguês para os Refugiados, disse à Lusa que, embora África não seja a região onde ocorrem mais desastres naturais, o risco de deslocações internas é agravado pela vulnerabilidade e pobreza das populações, bem como pela capacidade de resposta das autoridades.

Deu como exemplo Moçambique, que mostrou "fragilidades a nível da resposta" ao ciclone Idai, considerando que o Governo e a comunidade internacional reagiram apenas após o desastre ('ex post').

O GRID 2019 contabilizou, no ano passado, um número recorde de 41,3 milhões de pessoas que tiveram de deixar as suas casas devido a conflitos e 17,2 milhões de novos deslocados devido a desastres naturais, associados sobretudo ao clima.

Cerca de 55% da população afetada por catástrofes concentrava-se na região Sudeste Asiático/Pacífico e 15% na África Subsaariana (2,6 milhões de pessoas).

No que diz respeito ao ano passado, não houve catástrofes muito relevantes em termos do número de deslocados, mas em 2019, Moçambique, que foi atingido por dois ciclones, em março e abril, deverá destacar-se devido à população afetada.

"Estamos a acompanhar a situação de perto e os números são muito elevados. É um tipo de ciclones muito diferentes dos que atingem a China, por exemplo, ou as Filipinas, países que têm elevada preparação e sistemas de alerta antecipado e respondem a desastres de forma mais eficiente", considerou.

Por isso, é preciso "melhorar a capacidade de preparação aos desastres e a capacidade de governança e de respostas", frisou o responsável do IDMC, indicando que a urbanização influencia também os riscos.

"Está a haver uma mudança demográfica considerável, sobretudo urbana, na África subsaariana e isto vai influenciar o risco face aos desastres: tudo depende de como as cidades são construídas, como os governos respondem, como é desenvolvida e comunicada a sensibilização para os riscos", explicou, sublinhando que se os problemas de pobreza e desigualdade não forem resolvidos haverá um aumento do número de deslocados.

Quanto aos números recorde de deslocados internos registados em 2018 considera que são "preocupantes", mas não surpreendentes e estão até subestimados porque muitas pessoas "saem fora do radar" e nem sempre são contabilizadas.

Destacou o caso da Etiópia, onde os deslocados aumentaram devido a um agravamento da violência intercomunitária e à disputa por recursos, fazendo com que este país entrasse na lista dos dez mais afetados por conflitos, mas lembrou que os conflitos englobam também a criminalidade.

"Na América Latina, assistimos a muitas pessoas afetadas pela criminalidade urbana que são obrigadas a deslocar-se por problemas de insegurança", adiantou Vicente Anzellini.

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