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O rapaz do Mali que naufragou com as notas da escola cosidas no casaco

Livro de médica forense italiana lembra as histórias dos náufragos sem identificação que a sua equipa analisou. A que mais se destaca é a de um rapaz de 14 anos, natural do Mali.

O rapaz do Mali que naufragou com as notas da escola cosidas no casaco
Notícias ao Minuto

19:04 - 01/04/19 por Notícias Ao Minuto

Mundo Migrações

A história deste rapaz de 14 anos, sem nome, terminou em abril de 2015, nas águas do Mediterrâneo, num dos maiores naufrágios dos últimos anos, onde morreram cerca de mil pessoas. A sua memória, porém, foi perpetuada em livro, pela médica forense italiana que lhe descobriu as (boas) notas escolares cosidas no forro do casaco.

Cristina Cattaneo, médica forense e antropóloga, fazia parte da equipa do Laboratório de Antropologia e Odontologia Forense de Milão que ficou encarregue de analisar os restos mortais do rapaz para, um ano depois, na tentativa, sem êxito, de lhe dar uma identidade.

“Com que expectativas teria guardado este menino, com tanto cuidado, um documento que atestava que se esforçava nos estudos, que pensava que lhe abriria algum tipo de porta numa escola italiana ou europeia, e que agora se reduzia a um papel empapado?”, perguntou a médica, citada pelo El Mundo.

O livro de Cristina Cattaneo, ‘Naufraghi senza volto’ (Raffaello Cortina Editore), publicado em 2018, perpetua, porém, as centenas de casos de náufragos sem nome que foram tratados por aquela equipa ao longo dos últimos cinco anos. A sua equipa analisou cerca de 500 cadáveres.

O rapaz, que foi um deles, é um dos mais difíceis de esquecer. “Pesava muito menos que o resto das vítimas. Quando abrimos o saco mortuário demo-nos conta de que era muito mais jovem”, explicou Cattaneo à publicação. 

Sobre o rapaz sabe-se apenas que tinha 14 anos de idade, que era do Mali e que partiu da Líbia no dia 17 de abril de 2015. Pouco depois, no mesmo dia, quando estavam a cerca de 100 quilómetros da Líbia, 180 de Malta e a 200 de Lampedusa, o barco afundou-se, tirando a vida a mais de mil pessoas.

O cartonista italiano, Marco Dambrosio, conhecido como Makkox, fez um desenho imaginando o rosto do menino, sentado no fundo do mar, a mostrar as suas notas.

Notícias ao Minuto"Uáu, tudo dez". Rapaz foi recriado por cartonista italiano, em sua homenagem© Makkox

O desenho acabou por chegar às mãos do Papa Francisco, em janeiro deste ano, durante a Jornada Mundial da Juventude.

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