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Colômbia ainda sofre com a violência de grupos dissidentes de milícias

Apesar do acordo de paz assinado em 2016 entre as FARC e o Governo colombiano, muitas regiões da Colômbia sofrem com grupos armados, nomeadamente pelos dissidentes das FARC e dos paramilitares, denunciou hoje a Human Rights Watch (HRW).

Colômbia ainda sofre com a violência de grupos dissidentes de milícias
Notícias ao Minuto

07:01 - 13/12/18 por Lusa

Mundo HRW

"Em muitas áreas da Colômbia a esperança de que o acordo pudesse trazer a paz foi logo frustrado. Um desses lugares é a cidade de Tumaco, segundo maior porto do país no Pacífico", referiu o relatório lançado hoje pela organização não-governamental (ONG) de direitos humanos.

De acordo com o documento, intitulado "Violência Reciclada: Abusos por grupos dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia em Tumaco, na costa colombiana do Pacífico", a partir de meados de 2015, após o cessar-fogo das FARC (antigo grupo armado de esquerda que se tornou um partido político depois do acordo de paz em 2016), os abusos relacionados com conflitos na Colômbia diminuíram.

Antes do acordo de paz, em 2014, a HRW documentou os abusos cometidos em Tumaco pelas FARC e pelos Rastrojos - um grupo que emergiu de esquadrões da morte de paramilitares. Os abusos incluíam assassínios, desaparecimentos, sequestros, tortura, deslocamento forçado e violência sexual.

A organização dos direitos humanos regressou a Tumaco em junho e agosto de 2018 para determinar se a situação havia mudado, entretanto, descobriu que falhas na desmobilização de guerrilheiros das FARC -- e a sua reintegração na sociedade - ajudaram a promover a formação de grupos dissidentes das FARC.

O tráfico de drogas generalizado ajudou a alimentar o seu crescimento e os níveis de abusos graves estão novamente a aumentar em Tumaco.

Grupos como "Povo da Ordem", "Guerrilhas Unidas do Pacífico" e "Frente Oliver Sinisterra", entre outras, atacam bairros urbanos e aldeias rurais de Tumaco.

Estes grupos matam e desaparecem com aqueles que ousam desafiá-los, violam mulheres e raparigas de forma generalizada, recrutam crianças e forçam milhares a fugir das suas casas.

Além disso, o grupo "Autodefesas Gaitanistas da Colômbia", que emergiu de desmobilização paramilitar no início dos anos 2000, está envolvido em sérios abusos em Tumaco ocorridos entre 2016 e 2017, durante uma tentativa frustrada de assumir o controlo de uma parte desta região.

Ao todo, a organização dos direitos humanos documentou abusos contra mais de 120 pessoas em Tumaco desde meados de 2016, incluindo 21 assassínios, 14 desaparecimentos, 11 casos de violação ou tentativa de violação e 24 casos de recrutamento ou tentativa de recrutamento, entre outros tipos de abuso.

Entretanto, muitos abusos não são denunciados, em parte devido ao rígido controlo social imposto pelos grupos armados em bairros vulneráveis e comunidades rurais em Tumaco.

Embora nem todos os recentes homicídios em Tumaco sejam devidos a grupos dissidentes das FARC, as taxas de homicídio tiveram um aumento: em 2017, a taxa era quatro vezes a média nacional e dados até setembro mostram que aumentaram quase 50% em 2018.

Desde 2015, a Colômbia tem visto um aumento significativo de assassínio de líderes comunitários em todo o país. Em Tumaco, onde foram mortos pelo menos sete líderes comunitários desde janeiro de 2017, está entre os municípios mais afetados.

Grupos dissidentes das FARC também foram responsáveis por múltiplos desaparecimentos em Tumaco. Os moradores acreditam que os corpos dos desaparecidos foram jogados no mar, em estuários, ou em rios.

Estes mesmos grupos estabeleceram o controlo sobre os movimentos de pessoas em bairros em Tumaco.

Os abusos generalizados nesta cidade são ilustrativos de atrocidades em outros municípios ao longo da costa do Pacífico da Colômbia.

No início de 2018, o Governo colombiano lançou uma poderosa operação militar e policial para conter os abusos cometidos por grupos armados, mobilizando milhares de agentes em Tumaco e nove municípios vizinhos do departamento de Nariño.

A operação ajudou a prender dezenas de pessoas, mas os dados até setembro de 2018 mostram que os sérios abusos em Tumaco continuam e aumentaram em relação aos dados já levantados. A já alta taxa de homicídios disparou em Tumaco durante os primeiros nove meses de 2018.

Dos mais de 300 assassínios cometidos desde 2017, apenas uma pessoa foi condenada, segundo a HRW.

As autoridades também não fornecem assistência adequada às vítimas de deslocamento quando fogem de suas casas.

A HRW sugeriu ao Governo do Presidente colombiano, Iván Duque, que assegure a ajuda e o apoio humanitário a estas pessoas que sofrem com o deslocamento forçado devido aos grupos armados.

A organização sugeriu também que a polícia nacional e as forças armadas executem uma estratégia eficaz em Tumaco para proteger os moradores locais, aumentar os esforços para reduzir o cultivo de coca na região e aumentar o orçamento, recursos humanos e o número de investigadores e procuradores, protegendo estes de ameaças, para a investigação de crimes, entre outras medidas.

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