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"Não estou preparado para comprometer os meus valores"

A "linha vermelha" quando se lida com populistas "são os valores" - democracia, liberdade, Estado de Direito -- e Alexander Stubb, pré-candidato do Partido Popular Europeu (centro-direita) à presidência da Comissão Europeia, assegura que não está disposto a comprometê-los.

"Não estou preparado para comprometer os meus valores"
Notícias ao Minuto

14:02 - 02/11/18 por Lusa

Mundo Alexander Stubb

"Estou preparado para defender valores, tentar e perder, mas não para comprometer os meus valores. É tão simples quanto isso", afirmou numa entrevista à Agência Lusa, em Lisboa.

Stubb respondia a uma pergunta sobre a discussão no PPE em relação à permanência do Fidesz, o partido do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, no grupo político, depois de, em setembro, o Parlamento Europeu ter aprovado a abertura de um inquérito para sancionar a Hungria por violações dos valores europeus

"A linha decisiva é a questão dos valores: acreditam na democracia liberal, Estado de Direito, direitos fundamentais, direitos humanos, tolerância, igualdade, liberdade e proteção das minorias? Se acreditam e estão dispostos a tomar decisões com base nesses valores, então podemos cooperar. Se não, então vão para outro lado", disse Stubb, que se define como "um liberal de centro-direita".

"Tenho dito que, com Orban, temos de lidar em três fases: em primeiro lugar, temos um diálogo aberto e franco sobre valores, com Orban e o Fidesz. Em segundo lugar, Orban assina uma declaração de valores, valores do PPE. E, em terceiro, se o fizer, fica, se não o fizer, sai", disse.

"Estou disposto a ser muito duro com Orban. Dar-lhe-ia uma oportunidade, mas a minha paciência está a esgotar-se", acrescentou.

Alexander Stubb admitiu que Viktor Orban pudesse capitalizar uma expulsão com fins eleitorais, mas considerou-o "inteligente e astucioso" e disse-se certo de que "no final ele vai encontrar uma maneira de recuar".

"Mas estou disposto a correr esse risco, porque, para mim, alguém que incita o ódio e o medo, que condena o outro, que tenta entravar a liberdade académica, a liberdade de imprensa, a liberdade de reunião das organizações não-governamentais, tem muito pouco a ver com os valores europeus", disse.

Num plano mais alargado, e ante o previsível crescimento dos partidos populistas nas eleições europeias de maio de 2019, Stubb, que foi primeiro-ministro da Finlândia entre 2014 e 2015 à frente de uma coligação de que fazia também parte o partido populista de extrema-direita Os Finlandeses, assegurou que a forma de lidar com estes partidos é "partilhar valores" e, só depois, "negociar compromissos".

"O que se faz é formar coligações com aqueles com quem partilhamos valores, o que para mim é um centro pró-europeu moderado. E depois negociamos compromissos em relação ao tipo de iniciativas em que não queremos cooperar na coligação e faz-se isso numa base caso a caso", explicou.

"Naturalmente tentamos moderar as coisas e, especialmente, tentamos mitigar o discurso de ódio, porque essa é uma das minhas maiores preocupações, temos muitos políticos hoje que lideram pelo ódio e pelo medo. E eu não tolero isso. Mas temos de cooperar", acrescentou.

"Sou uma pessoa muito tolerante, mas tenho tolerância zero para a intolerância", tinha afirmado antes, ao apontar as diferenças que o separam do alemão Manfred Weber, que concorre com ele à nomeação como candidato do PPE à presidência da Comissão Europeia.

Sobre o processo de 'Spitzenkandidaten', como se designam os candidatos designados pelos grupos políticos, utilizado pela primeira vez nas eleições europeias de 2014, Alexander Stubb admitiu que "não há garantias" de que o candidato do partido europeu mais votado se vá tornar presidente da Comissão.

"Não há garantias, mas essa pessoa tem de certeza uma hipótese melhor de ser presidente da Comissão que muitos outros", disse, considerando que o processo está "um pouco" mais consolidado, mas que desta vez se "espera um resultado eleitoral mais complicado e, nesse sentido, será o procedimento político normal de um governo de coligação".

"Tudo é possível, claro, é política. Se houvesse um algoritmo, em que pudéssemos incluir os dados, provavelmente a pessoa que vencer como candidato do PPE seria o principal candidato a presidente da Comissão Europeia. Tudo é possível, mas dá-nos uma boa hipótese de ser presidente da Comissão", considerou.

Alexander Stubb foi entrevistado à margem da iniciativa Escola Europa, organizada pelo Partido Social-Democrata (PSD) de Portugal e pelo Partido Popular (PP) de Espanha com o apoio do PPE.

Após as eleições europeias, em maio próximo, cabe ao Conselho Europeu, compostos pelos chefes de Estado e de Governo dos membros da UE, designar um candidato à presidência da Comissão, o qual se submete depois a votação no Parlamento Europeu.

O Tratado de Lisboa determina que o resultado das eleições europeias seja tido em conta na escolha do presidente da Comissão, mas o Conselho não é legalmente obrigado a fazê-lo.

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