Europa deve olhar para Africa sem paternalismo
O ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, disse hoje que a Europa deve "evitar uma atitude paternalista em relação a África", apostando no potencial deste continente.
© Reuters
Mundo Durão Barroso
Durão Barroso, que falava à margem do 1.º EurAfrican Forum, um evento que pretende fomentar a aproximação e criar relações de confiança entre os dois continentes, sublinhou que as parcerias com países africanos são fundamentais também para a Europa.
"África vai ser o maior mercado do mundo, o continente que tem maior dinamismo demográfico e o parceiro natural, até por razões demográficas, é a Europa", afirmou o antigo primeiro-ministro português.
Durão Barroso apontou várias vantagens do continente africano, como os recursos naturais, uma população "dinâmica e criativa" e a "resiliência" das pessoas, mas também alguns problemas como a "falta de organização e de capacidade de gestão", que podem melhorar com o contributo europeu.
"Acredito que África pode ter um crescimento extraordinário nos próximos anos", vincou o ex-político, considerando que "com educação, com infraestruturas e com respeito por regras básicas, regras de direito, África vai ser o futuro" e a Europa deve unir-se a áreas do mundo onde há maior potencial de crescimento.
Durão Barroso, que abandonou a vida política e é atualmente presidente não executivo do banco Goldman Sachs, disse ainda que a política para África não pode estar assente apenas na cooperação para o desenvolvimento e na ajuda humanitária.
"Isso não resolve o problema, tem de haver o interesse esclarecido, ou seja, criar condições para que haja investimento a longo prazo", declarou.
O ex-responsável da Comissão Europeia admitiu que existem ainda preconceitos, não só da parte dos europeus, mas também entre os próprios africanos e considerou desejável avançar com uma zona de comércio livre.
"Hoje em dia, ir da Argélia para Marrocos é quase impossível", comentou, destacando a importância de construir "um espaço de livres trocas" como o europeu, para estimular o comércio.
Por outro lado, desvalorizou as tensões anteriores entre Portugal e Angola, comparando-as às relações familiares.
"Por vezes [as famílias têm] problemas, há discussões, há zangas. Às vezes quanto mais próximas são as relações, maior é a intensidade porque as pessoas são suscetíveis. Foi o que se passou com Portugal e Angola", resumiu.
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