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Cimenteira Lafarge acusada de cumplicidade com crimes contra a Humanidade

Numa decisão inédita, a justiça francesa acusou hoje formalmente a cimenteira franco-suíça Lafarge de "cumplicidade com crimes contra a Humanidade" por ter pago a grupos armados para manter uma fábrica em funcionamento na Síria em 2013 e 2014.

Cimenteira Lafarge acusada de cumplicidade com crimes contra a Humanidade
Notícias ao Minuto

17:09 - 28/06/18 por Lusa

Mundo Síria

Os magistrados do Ministério Público consideram ter reunido "indícios graves e concordantes" para acusar a cimenteira de "cumplicidade com crimes contra a Humanidade", "financiamento de ação terrorista", "colocação de vidas em perigo" relativa a antigos trabalhadores da fábrica de Jalabiya, no norte da Síria, e "violação de embargo", segundo fonte judicial citada pela agência France-Presse.

A acusação é contra a empresa, Lafarge SA, na qualidade de entidade jurídica, a 'holding' que detém a maioria do capital da filial síria Lafarge Cement Syria.

A Lafarge fundiu-se em 2015 com o grupo suíço Holcim, dando origem à maior empresa cimenteira do mundo.

Anteriormente, oito quadros da empresa, entre os quais o presidente do conselho de administração de 2007 a 2015, Bruno Lafont, foram acusados de financiamento de ação terrorista e de colocação em perigo da vida de terceiros.

A Lafarge admitiu ter canalizado mais de 10 milhões de euros para organizações armadas sírias em 2013 e 2014, incluindo, alegadamente, o grupo extremista Estado Islâmico, em troca de garantias de acesso seguro dos seus trabalhadores e fornecedores à fábrica de Jalabiya.

Em comunicado, o grupo anunciou hoje que a Lafarge "vai apelar das acusações, que não representam de forma justa as responsabilidades" da empresa.

O presidente do conselho de administração, Beat Hess, afirmou: "Lamentamos verdadeiramente o que ocorreu na filial na Síria e assim que tomámos conhecimento dos factos respondemos com ações firmes e imediatas. Nenhuma das pessoas investigadas está com a empresa atualmente".

A LafargeHolcim pediu uma investigação independente em 2016 que "revelou que a empresa local financiou terceiros para negociarem entendimentos com grupos armados", acrescentou no comunicado.

Na audiência realizada hoje, os representantes da empresa confirmaram aos juízes que "erros individuais inaceitáveis foram cometidos na Síria até as instalações serem evacuadas em setembro de 2014, o que a empresa lamenta resolutamente".

A imprensa francesa noticiou que os juízes encarregados do caso não descartam que parte do dinheiro pago pela cimenteira tenha servido para financiar os ataques terroristas de novembro de 2015 em Paris.

Em janeiro, a justiça autorizou a associação "Vida por Paris", que representa vítimas e familiares de vítimas daqueles ataques, de se juntar ao processo como parte civil.

O processo foi aberto em outubro de 2016, na sequência de uma queixa apresentada pelo Ministério da Economia e Finanças francês.

A organização não-governamental francesa Sherpa também apresentou queixa contra a Lafarge, alegando que a empresa e a sua filial síria fizeram nomeadamente "acordos" com o grupo Estado Islâmico para obter livres-trânsitos e para comprar petróleo.

A LafargeHolcim, com projetos na América, Ásia, Europa, África e Médio Oriente, teve em 2017 uma faturação de 26 mil milhões de euros e emprega cerca de 115.000 pessoas.

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