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Erdogan enfrenta oposição aguerrida nas eleições de domingo

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, no poder há 15 anos e na chefia do Estado desde 2014, disputa no domingo um novo mandato com poderes reforçados, face a uma oposição determinada em afastar um dirigente acusado de deriva autoritária.

Erdogan enfrenta oposição aguerrida nas eleições de domingo
Notícias ao Minuto

09:43 - 22/06/18 por Lusa

Mundo Turquia

Para o embate de domingo, que decorre em paralelo com eleições legislativas, estão convocados 56,3 milhões de eleitores, enquanto os três milhões de turcos no estrangeiro exerceram o seu direito entre 07 e 19 de junho.

Erdogan, 64 anos, foi designado primeiro-ministro em março de 2003, após a vitória por maioria absoluta do seu Partido da Justiça e Desenvolvimento (AKP) nas legislativas de novembro de 2002, e assumiu o cargo de chefe de Estado em 2014, após o primeiro escrutínio presidencial por sufrágio direto.

Nos últimos 15 anos, a Turquia transformou-se, em particular pelos projetos de desenvolvimento impulsionados pelo partido islamita conservador com base política e eleitoral na Anatólia, e as medidas dirigidas para o crescimento económico.

A emergência do AKP também forneceu um novo espaço ao campo religioso neste país euro-asiático com larga maioria de população muçulmana, para além de se ter assumido como um importante protagonista na cena internacional.

Em abril, o chefe de Estado cessante, pressionado pelos seus atuais aliados do Partido de Ação Nacionalista (MHP, extrema-direita), decidiu alterar o calendário político e anunciar que as eleições presidenciais e legislativas, inicialmente previstas para 03 de novembro de 2019, seriam antecipadas para 24 de junho deste ano.

A decisão foi interpretada como reflexo dos receios de uma crise económica que parece anunciar-se - com a quebra do valor da libra turca, uma inflação com dois dígitos e um importante défice das contas correntes -, para além de um recuo da popularidade no "campo governamental", incluindo nos ultranacionalistas do MHP enfraquecidos por uma cisão interna.

Ao vencedor das eleições serão concedidos poderes reforçados, adotados a pedido de Erdogan no referendo de abril de 2017, menos de um ano após ter escapado a uma tentativa de golpe de Estado fomentada por uma fação dos militares em julho de 2016.

Na campanha eleitoral, o líder turco confrontou-se pela primeira vez com uma inesperada união de diversos partidos da oposição e um candidato presidencial, Muharrem Ince, apresentado pelo Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), com capacidade para rivalizar com o seu carisma, prevendo-se duas voltas muito disputadas.

No total, seis candidatos confrontam-se no escrutínio presidencial, incluindo Selahattin Demirtas, do Partido Democrático dos Povos (HDP, pró-curdo e de esquerda), detido desde finais de 2016 e que dirige a campanha desde a prisão.

Apesar de o presidente cessante surgir de novo como favorito, poderá não recolher os 50% de votos necessários para garantir a eleição à primeira volta, enquanto o AKP se arrisca a perder a maioria absoluta, como sucedeu em junho de 2015.

Devido à reforma constitucional de abril de 2017, vão ser eleitos 600 deputados para a Grande Assembleia Nacional (parlamento), contra 550 no anterior hemiciclo.

Em paralelo, na sequência de uma lei adotada em março, os partidos poderão pela primeira vez formar alianças eleitorais, uma medida que permitirá a entrada no parlamento a formações que nunca ultrapassaram a barreira obrigatória dos 10% para a eleição de deputados.

Para as legislativas, foram formadas duas coligações: A "Aliança do povo" inclui o AKP, no poder, e o MHP de Devlet Bahçeli, que dirige o partido desde 1997. O partido da Grande União (BBP) apresenta candidatos nas listas do AKP.

A segunda coligação, "Aliança da nação", integra o CHP, o Iyi Parti (Bom Partido, direita nacionalista, dirigido pelo antigo ministro do Interior Meral Aksener), e o Saadet (Partido da Felicidade, islamita conservador e dirigido pelo veterano Temel Karamollaoglu). O Demokrat Parti (DP, centro direita), apresenta candidatos nas listas do Yiy Parti.

Já o HDP e o Hüda-Par (islamita curdo) optaram por se apresentar sozinhos às legislativas.

A unidade de setores da oposição deve-se em parte à curta vitória do 'sim' (51,4%) no referendo de 2017 sobre o reforço dos poderes presidenciais.

Os partidos da oposição têm mesmo um acordo de princípio para apoiar o candidato que garanta uma eventual segunda volta, em 08 de julho, contra Erdogan.

Diversos observadores definiram a "nova energia" da oposição como um fator inédito, e que terá forçado Erdogan a prometer, após outros candidatos o terem feito, o levantamento do estado de emergência em vigor desde julho de 2016, na sequência do fracassado golpe de Estado.

Devido ao controlo governamental sobre os principais 'media', alguns candidatos e partidos da oposição, ausentes dos 'media' eletrónicos e dos jornais, rivalizaram nas redes sociais para divulgar a sua mensagem.

Na sequência de detenção dos dois co-presidentes do pró-curdo HDP, para além de dezenas de deputados e ativistas, o seu líder Selahattin Demirtas, acusado de atividades "terroristas", decidiu apresentar-se às presidenciais e fazer a campanha a partir da sua cela da prisão.

Demitras denunciou uma detenção "política", fez a campanha através das redes sociais por intermédio dos seus advogados e aproveitou uma chamada telefónica autorizada com a sua mulher para promover, através do altifalante do telefone, uma espécie de comício que foi filmado e divulgado pelo partido.

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