Portugal paga mais para vender dívida a cinco anos
Estado português foi obrigado a vender Obrigações do Tesouro de médio prazo ao preço mais alto do ano. Subida dos juros no mercado secundário acabou por se confirmar no mercado primário.
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Economia Emissão
Os custos de financiamento portugueses subiram de forma significativa esta manhã. A última emissão de Obrigações do Tesouro deste ano acabou com juros médios bastante mais altos a cinco anos do que na emissão de outubro, seguindo os sinais preocupantes que tinham sido dados nos últimos dias de trocas entre investidores.
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) vendeu 700 milhões de euros em Obrigações do Tesouro a cinco anos com juros médios de 2,112%, um custo significativamente superior aos 1,751% conseguido na última emissão de dívida com o mesmo prazo de maturidade.
"Assim que vi a taxa tive um sobressalto. É uma subida considerável de mais de 25 pontos base (mais de 0,25%) no espaço de um mês", revela o diretor de negociação do Banco Carregosa, João Queiroz, antes de levantar mais o véu sobre os motivos: "A explicação é o aumento da perceção dos investidores sobre o risco da dívida portuguesa. Apesar de não termos aumentado o risco face a Espanha ou Itália, a distância que nos separa das taxas alemãs está nos valores mais elevados do último mês (o spread face à Alemanha está nos 255 pontos). Aliás, a dívida alemã a 2 anos está com uma taxa negativa de 0,75%!".
José Lagarto, gestor de activos da Orey Financial, prefere uma interpretação diferente, garantindo que a emissão não foi catastrófica apesar dos custos de financiamento mais elevados: "Numa altura em que a tendência das taxas de juro a nível global é de subida, a colocação perto do máximo proposto a nível ligeiramente superior à anterior colocação, poderá ser encarada como bem sucedida"
Apesar de uma procura quase duas vezes superior à oferta, os investidores não mostraram disposição para emprestar dinheiro a Portugal a juros particularmente baixos.
"É notório que os investidores estão a exigir um prémio maior para comprar dívida portuguesa e foi isso que fez subir a taxa de hoje. Também talvez tenha sido por isso que o Tesouro decidiu não emitir o montante máximo previsto", explica João Queiroz.
Ainda assim, os custos da dívida mantêm-se claramente abaixo dos juros pedidos por exemplo no plano de resgate externo (média a rondar os 3% entre FMI, BCE e Comissão Europeia).
[Notícia atualizada às 12h36]
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