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DBRS 'aprova' Orçamento, mas dívida e crescimento ainda preocupam

A única agência de rating usada como referência pelo BCE que ainda não coloca Portugal na categoria de ‘lixo’ tem a economia nacional debaixo de olho. Num documento a que o Notícias ao Minuto teve acesso, a DBRS desenha a imagem nacional após as negociações com Bruxelas.

DBRS 'aprova' Orçamento, mas dívida e crescimento ainda preocupam
Notícias ao Minuto

08:22 - 14/02/16 por Bruno Mourão com Elsa Pereira

Economia Análise

Um país em recuperação, mas com vários problemas estruturais ainda por resolver. Esta é a descrição, em traços gerais, que a DBRS faz de Portugal, num relatório assinado por Adriana Alvarado, vice-presidente da divisão de ratings soberanos da agência canadiana.

No documento a que o Notícias ao Minuto teve acesso, a DBRS admite que o Orçamento apresentado ao Parlamento “indica que o ajustamento orçamental estrutural de Portugal vai continuar”, com um “compromisso político para mais consolidação”.

Apesar de mostrar contentamento com o acordo alcançado em Bruxelas, a agência de notação financeira salienta o “ritmo moderado” do ajustamento e o “risco de deslizes” nas contas, que poderão colocar em risco “um ambicioso défice orçamental de 2,2% do PIB”.

A DBRS é a única das quatro agências de rating usadas como referência pelo BCE que classifica dívida portuguesa como investimento não-especulativo; Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch consideram as Obrigações nacionais ‘lixo financeiro’. Com revisão da nota portuguesa marcada para 29 de abril, a decisão da DBRS será decisiva para que Portugal e a banca nacional possam continuar a receber financiamento do BCE.

No comentário que se seguiu às declarações do presidente do departamento de ratings soberanos, Fergus McCormick, a agência levanta dúvidas à capacidade do Governo socialista de convencer Bloco de Esquerda e PCP a apoiar cortes adicionais, e assume que “a DBRS ficaria preocupada caso os deslizes orçamentais fossem persistentes”.

Os esforços políticos para tentar reduzir as perdas das contas públicas são, no entanto, contrariados pelo “grande desafio” da dívida pública elevada e as “perspetivas modestas de crescimento”. A redução dos custos de financiamento e a provável venda do Novo Banco são fatores positivos na análise, mas a DBRS avisa que “o alto nível de dívida pública deixa Portugal exposto a vários impactos negativos”.

“Um crescimento mais forte poderia ter um papel importante na redução da dívida; no entanto, as perspetivas de crescimento continuam a ser modestas (…) Apesar da implementação de várias reformas estruturais ao longo dos últimos cinco anos, o crescimento potencial de Portugal continua a ser baixo”, salienta o relatório. A queda das exportações, a incerteza sobre as políticas económicas, a situação política e as dificuldades da banca são os principais fatores de instabilidade identificados pela DBRS, podendo mesmo colocar em ‘xeque’ a estratégia socialista de crescimento baseado no consumo privado.

Assumindo-se confortável, com a nota de ‘BBB baixo – perspetiva estável’ atribuída a Portugal, a DBRS deixa ainda assim vários recados, que poderão servir para ajustar a estratégia do Governo de António Costa.

Recorde-se que os juros da dívida portuguesa dispararam esta semana para os níveis mais altos dos últimos dois anos, uma realidade que não irá impedir o regresso português aos mercados na próxima quarta-feira, para a emissão de mil milhões de euros de Bilhetes do Tesouro a três e onze meses. 

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