Bloco contra expropriação de terrenos agrícolas para Parque de Ciência entre Aveiro e Ílhavo
O Bloco de Esquerda (BE) insurgiu-se esta segunda-feira contra o despacho de autorização das expropriações para construir o Parque da Ciência e Inovação (PCI) em terrenos agrícolas da Coutada, entre os municípios de Aveiro e Ílhavo.
© Lusa
Economia Autorização
Em comunicado, o BE classifica como "de uma enorme gravidade" a autorização de expropriações de terrenos e habitações sem quaisquer garantias da execução do projecto" e faz a comparação com os laboratórios e edifícios da Incubadora do Beira Atlântico Parque (AIBAP), em insolvência, construídos em terrenos agrícolas produtivos.
Segundo o BE, em resposta a um pedido de esclarecimentos do seu deputado Pedro Filipe Soares, o Ministério da Economia confirmou em Setembro não haver "um único projecto do Parque da Ciência e Inovação aprovado e que nem sequer analisou ainda qualquer candidatura", considerando por isso "incompreensível" o despacho que autoriza as expropriações.
Aquele partido contesta a própria localização do Parque da Ciência e Inovação sem o estudo de alternativas: "para além da destruição de terrenos agrícolas altamente produtivos, que se encontram em plena exploração, é do conhecimento público a existência de diversos parques industriais ao abandono ou subaproveitados nas redondezas".
O BE considera "uma insensatez" a insistência no PCI e garante que "estará ao lado das populações na luta contra as expropriações", acusando o Governo de colocar, com o despacho de autorização, "ainda mais em sobressalto os habitantes da zona, bem como as pessoas que subsistem da exploração daquelas terras".
Contra a localização do Parque de Ciência e Inovação se insurgiram várias organizações, nomeadamente a associação ambientalista Quercus e a Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro, mas em Fevereiro de 2012 foi emitida pelo secretário de Estado do Ambiente a declaração de impacte ambiental (DIA) favorável, com condicionantes.
O Parque da Ciência e Inovação vai ser gerido por uma sociedade sinónima, formalizada pela Universidade de Aveiro, 11 municípios da região e empresas, envolvendo um investimento da ordem dos 35 milhões de euros, dos quais 80% com financiamento europeu.
O novo espaço irá compreender três polos nas áreas da ciência, experimentação e empresarial, permitindo a instalação de empresas de base tecnológica, sendo o projecto liderado pela Universidade de Aveiro, que prevê que o Parque da Ciência e Inovação crie cinco mil postos de trabalho directos numa década.
Os habitantes e agricultores da área abrangida constituíram o "Colectivo de Intervenção na Defesa dos Interesses dos Habitantes da Coutada" que em Janeiro lançou uma petição contra a construção do PCI, que recolheu mais de 800 assinaturas e foi entregue à Câmara de Ílhavo e à Reitoria da Universidade de Aveiro.
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