No documento enviado ao presidente da Assembleia República e que tem como destinatário o ministro-Adjunto e do Desenvolvimento Regional, Paulo Pisco recordou que, em setembro de 2012, o secretário de Estado das Comunidades, José Cesário, "criticou duramente a RTP Internacional, afirmando que o canal tinha 'uma programação lamentável' e que 'tem sido o parente pobre da RTP'".

Recentemente, acrescenta o deputado do PS, a 12 de abril, em Paris, "o vice-presidente do PSD, Marco António Costa, dizia receber queixas muito significativas sobre a falta de qualidade da RTP-I porque apresenta 'um país demodé' [ultrapassado], um país do século passado'", reconhecendo que "esta é uma das matérias em que o Estado português falhou".

O deputado socialista lembra que já o ministro anterior da tutela, Miguel Relvas, tinha prometido "um novo conceito de serviço público com uma 'forte aposta na RTP Internacional, o que implicaria 'uma renovação da imagem e dos conteúdos'".

"Apesar das várias administrações e planos de reestruturação, a RTP Internacional permanece sem um plano estratégico que sirva o país e as comunidades portuguesas, continuando muito longe de cumprir a sua missão de serviço público", pelo que "o mesmo é dizer que o Governo ignorou os interesses e o potencial dos milhões de portugueses espalhados pelo mundo", adianta Paulo Pisco.

"Ao não proceder à reforma estrutural da RTP Internacional, que deveria passar por dotá-la de autonomia financeira, administrativa e editorial, o Governo perdeu a oportunidade de concretizar o desígnio estratégico que constitui colocar um instrumento tão poderoso como é um canal de televisão ao serviço da afirmação do país e do povo português, da promoção da língua portuguesa e de uma nação mais coesa que inclua os portugueses e descendentes de portugueses espalhados pelo mundo, reforçando a ligação a Portugal", acrescenta.

Por isso, o PS questiona "quais as razões que impediram o Governo de atingir os objetivos a que se propôs de valorizar a RTP Internacional e a renovação da sua imagem e conteúdos".

Além disso, também pretende saber se "está nas intenções do Governo apresentar ainda algum plano para reformar a RTP Internacional" e se o Executivo considera a "possibilidade de dar" ao canal "autonomia financeira, administrativa e editorial".

Desde setembro do ano passado, que a RTP passou a contar com um Conselho Geral Independente (CGI), que nomeia e supervisiona o Conselho Administração da empresa.

A nova administração da RTP, liderada por Gonçalo Reis, iniciou funções em fevereiro último e nomeou uma nova estrutura organizativa, a qual já está operacional.

Na nova estrutura, Daniel Deusdado, além de diretor de programas da RTP 1, assume o mesmo cargo na RTP Internacional.