GES ganhou 52 milhões com venda que não aconteceu
Continuam as dúvidas em torno da Escom, tema debatido em reuniões do Conselho Superior do GES. Revela o i que Ricardo Salgado terá confirmado a receção de um sinal de 52 milhões de euros para a venda da empresa. Empresa essa que, afinal, nunca terá saído das mãos do GES.
© Reuters
Economia Ricardo Salgado
O jornal i teve acesso a documentação que coloca Ricardo Salgado, ao fim de três anos de incerteza sobre a venda da Escom, a confirmar perante a cúpula da família Espírito Santo que de Angola já tinham chegado 52 milhões de euros, como sinal para o negócio. A empresa, no entanto, nunca terá abandonado o catálogo do Grupo Espírito Santo (GES).
“Estamos com muito boas relações com Angola. O assunto da Escom está resolvido”, cita o mesmo jornal, de uma reunião do Conselho Superior do GES, a 7 de novembro de 2013, que juntava representantes dos cinco principais clãs da família. O então patrão do BES explica de seguida aos familiares que a venda foi fechada por 93 milhões de euros, a que se somavam os 52 milhões já sinalizados pela Sonangol, a petrolífera angolana.
O grupo ia, portanto, receber no total 145 milhões de euros, ainda assim um valor bem abaixo dos 800 milhões de euros acordados em 2010. A dívida, essa, passaria a ser angolana, adianta ainda o mesmo jornal. O dinheiro chegou, o assunto estava “resolvido” mas um mês depois, Ricardo Salgado explicava em nova reunião do Conselho Superior que o negócio ainda não se tinha concretizado.
Entretanto, a Escom, detida em 67% pelo GES e conhecida por ter estado sob investigação no caso da polémica aquisição de submarinos pelo Estado, continuava a ser preocupação do Banco de Portugal. Por precaução, o grupo salvaguardou o risco de não concretização do acordo com uma provisão de 250 milhões de euros. A 9 de dezembro do ano passado, em nova reunião do Conselho Superior, falava-se sobre as insistentes perguntas do Banco de Portugal sobre a empresa.
A Escom, no entanto, nunca chegou a sair do GES, realça ainda o jornal i. “Dificuldades” foram surgindo, nomeadamente a recusa por parte de direções da Sonangol em transferir mais dinheiro, inserido no negócio. Ao GES terá chegado um sinal de 52 milhões de euros. A “batata quente”, como Salgado a terá apelidado a dada altura, nunca terá saído oficialmente do grupo.
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