Crispação com Câmara do Porto "nunca foi da parte da Metro"

O presidente da Metro do Porto dá como exemplo o avanço da obra da Linha Rosa (São Bento - Casa da Música), considerando que numa fase em que havia dificuldades no túnel por debaixo da Rua de Júlio Dinis, "numa circunstância de maior normalidade" teria pedido para fazer uma intervenção à superfície que pudesse acelerar a empreitada, como sucedeu na rotunda da Boavista, "melhorando depois muitas condições de avanço".

Porto, Câmara do Porto

© Diego Delso / Wikipedia

Lusa
18/08/2025 10:07 ‧ há 1 hora por Lusa

Economia

Tiago Braga

O presidente que está de saída da Metro do Porto, Tiago Braga, disse que a crispação institucional com a Câmara do Porto "nunca foi" originada pela transportadora, mas admitiu que condicionou o desenrolar das obras da Linha Rosa.

 

"Não vou negar que esta crispação que existiu também provocou um impacto no próprio desenvolvimento da empreitada", disse o presidente da Metro do Porto, garantindo também que "nunca foi do lado da Metro do Porto".

O presidente da Metro do Porto dá como exemplo o avanço da obra da Linha Rosa (São Bento - Casa da Música), considerando que numa fase em que havia dificuldades no túnel por debaixo da Rua de Júlio Dinis, "numa circunstância de maior normalidade" teria pedido para fazer uma intervenção à superfície que pudesse acelerar a empreitada, como sucedeu na rotunda da Boavista, "melhorando depois muitas condições de avanço".

Tiago Braga falava em entrevista à Lusa a propósito da sua saída da empresa, que deverá acontecer nas próximas semanas, tendo o Governo a intenção de nomear o reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Emídio Gomes, como seu sucessor.

"Nós nunca respondemos, nunca tomámos a iniciativa de vir entregar à opinião pública trocas de documentos entre as entidades. Quando tivemos que o fazer foi porque também em alguns momentos foram ultrapassados alguns limites", disse à Lusa.

Para Tiago Braga, "um presidente de Câmara, quando luta por este tipo de infraestruturas, porque acredita, evidentemente, no benefício que traz para a população e para o desenvolvimento da cidade", tem de "ter a predisposição de aceitar a crítica que vai existir, obviamente, e tudo aquilo que é negativo numa obra".

O presidente da transportadora disse ainda não admitir as acusações de ter feito "uma gestão política de empreitada", pois permitir isso seria "um desrespeito aos milhares de pessoas" envolvidos no projeto que "se expõem a riscos pessoais", considerando até "uma coisa um bocadinho estranha" achar que tal seria tecnicamente possível face à dimensão da obra.

Sobre o não cumprimento do prazo de julho deste ano para o fim da empreitada da Linha Rosa, Tiago Braga diz que as declarações que fez em maio do ano passado foram com base na informação detida à data.

"O facto de eu ter dito que a obra terminava em julho e a obra não ter terminado em julho não significa que eu tenha faltado à verdade. Quando afirmei que a obra terminava em julho, afirmei-o com base nas informações que nós dispúnhamos e com base naquilo que estava contratualizado, com um plano de trabalho modificado junto do empreiteiro", sustenta.

O responsável refere que não houve nenhuma afirmação da sua parte, "em nenhuma circunstância, que não fosse com base em factos".

"O tempo encarregar-se-á de demonstrar quem é que estava a faltar à verdade. Eu seguramente não era", vincou, garantindo ser "muito fácil" verificar cronologicamente as informações e "perceber que tipo de documentos do empreiteiro ou dos fornecedores existiam à data" das declarações "para perceber se aquilo que disse era verdade ou mentira".

Tiago Braga disse ainda que durante os quatro anos da obra da Linha Rosa as equipas técnicas da Metro, da Câmara do Porto e demais entidades "trabalharam sempre em busca das melhores soluções", e que as reuniões periódicas entre as partes "continuam a acontecer".

"Como é que se pode dizer que não há comunicação quando, de 15 em 15 dias, há reuniões? E eu nas reuniões nunca fui confrontado [com a acusação] 'tu estás-me a mentir'. Outra coisa diferente é, muitas vezes, pedirem informação e nós não dispormos de informação, porque também não tínhamos", afirma.

Face à observação feita pelo presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, de que as obras em Vila Nova de Gaia decorrem de forma mais rápida, Tiago Braga reconhece que "é mais fácil cortar ruas em Gaia", até porque "não tem o mesmo impacto, por exemplo, de cortar a Avenida dos Aliados", no Porto.

"Nós próprios nunca tivemos a expectativa de, por exemplo, mobilizar um grande estaleiro na Praça da Liberdade e ficar totalmente cortada. Isso nunca foi sequer colocado equacionado, e muitas vezes fomos nós próprios a fazer esse entrave ao empreiteiro", revelou.

O presidente da Metro disse ainda que durante a empreitada procurou transmitir, sem sucesso, que "as pessoas preferem ter uma via cortada durante muito tempo do que a mesma via estar a ser cortada todas as semanas, um bocadinho aqui, outro bocadinho ali", priviligando a previsibilidade.

"O impacto é maior, mas depois as pessoas acabam por se habituar, mobilizar, ganham outros hábitos, mas quando regressarem já regressam totalmente desimpedidos", considera.

Iniciada em 2021 e com um custo que ascende aos 304,7 milhões de euros, a linha Rosa terá ligação às atuais estações de metro Casa da Música e São Bento, e terá paragens intermédias no Hospital de Santo António e Praça da Galiza.

A sua abertura está agora prevista para o primeiro trimestre de 2026.

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