O diretor-geral do Secretariado Europeu das Uniões de Consumidores (BEUC), Agustín Reina, declarou numa reunião da organização, em Madrid, que a Comissão Europeia deve "ficar do lado dos consumidores face às companhias que cometem abusos e violam a legislação europeia".
Durante a reunião, o BEUC, que reúne 44 associações de 31 países europeus, deu o seu apoio ao governo espanhol, que está envolvido num braço de ferro com algumas destas companhias aéreas, incluindo a Ryanair, sobre a sua política de cobrança de bagagem de mão.
No final de novembro, Madrid aplicou uma multa de 179 milhões de euros a cinco companhias aéreas de baixo custo (Ryanair, Vueling, EasyJet, Volotea e Norwegian) por terem cobrado aos passageiros bagagem de mão e aos passageiros que acompanham pessoas dependentes a escolha do lugar.
Estas coimas foram denunciadas pela Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), uma organização que reúne mais de 330 companhias aéreas, bem como pela Ryanair.
O grupo irlandês foi por si só foi multado em 107 milhões de euros e decidiu contestar estas coimas, qualificando-as de "ilegais", junto dos tribunais europeus.
"Os aviões estão cheios, não podemos transportar um número ilimitado de bagagens de mão", insistiu o patrão da Ryanair, Michael O'Leary.
Na mesma declaração, O'Leary atacou o ministro espanhol do Consumo, Pablo Bustinduy, apelidando-o de 'comunista louco' e de eleito 'ingénuo'.
Presente na reunião de hoje do BEUC, organizada para assinalar o 50.º aniversário da associação espanhola de consumidores OCU, Bustinduy defendeu a ação do seu governo, afirmando que as empresas não podem "violar sistematicamente os direitos dos consumidores com impunidade".
O Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE) decidiu, em 2014, que a bagagem de cabine é uma "parte necessária do transporte de passageiros" e, portanto, não deve ser objeto de taxas adicionais, desde que tenha um tamanho razoável.
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