À margem do início do 34.º Congresso nacional da Hotelaria e Turismo, promovido pela Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), no Funchal (Madeira), quando confrontado com possíveis impactos na imagem do setor e destino turístico, o presidente da AHP começou por fazer a destrinça: "Ao turismo o que é do turismo e à justiça o que é da justiça".
No entanto, Bernardo Trindade acrescentou depois considerar que "a decisão do juiz de instrução na semana passada relativamente aos envolvidos foi uma boa notícia para o congresso" que a associação realiza agora.
"Não nos iludamos, isso foi importante. Este restaurar de confiança foi importante para o nosso congresso. Por isso, na dimensão da justiça não temos que nos pronunciar, agora o que é importante é, sobretudo, dizer-vos que sentimos nos últimos dias uma confiança reforçada, o que nos deixa obviamente muito satisfeitos, trazer o congresso para a Madeira foi uma boa decisão", disse o presidente da AHP.
Questionado se esse sentimento significou mais inscrições depois dessa decisão, Bernardo Trinada anuiu, dizendo que "importantes inscrições de última hora aconteceram".
O congresso nacional da AHP conta com 500 participantes e decorre até sexta-feira, sob o tema "Horizonte 20-30".
Em 24 de janeiro, a Polícia Judiciária (PJ) realizou cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias sobretudo na Madeira, mas também nos Açores e em várias zonas do continente, no âmbito de um processo que investiga suspeitas de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.
Na sequência desta operação, a PJ deteve o então presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), que também já renunciou ao cargo, o líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e o principal acionista do grupo ligado à construção civil Socicorreia, Custódio Correia.
Os três arguidos foram libertados em 14 de fevereiro com termo de identidade e residência, três semanas após as detenções.
A vice-presidente da AHP, Cristina Siza Vieira, também desvalorizou o impacto do caso de justiça recente no turismo da região autónoma, afirmando que o processo "não compromete o que são as bases, o que leva a viajar: a segurança, o bom tempo, os bons serviços, etc".
"Quanto muito"- para Cristina Siza do Vieira - o impacto dá-se do ponto de vista dos investimentos, que podem fazer uma refrear à espera.
E assim, Bernardo Trindade saudou o regresso do congresso da Associação de Hotelaria de Portugal à Madeira 32 anos depois.
"Quisemo-lo fazer para render tributo a uma região que sendo a região turística mais antiga do país, manteve ao longo de décadas uma qualidade de serviço, uma qualidade nas infraestruturas públicas e privadas, reveladora do ADN de um povo que tem no saber receber uma marca identária", reforçou.
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