Tiago Oliveira participou hoje na concentração dos trabalhadores da Nobre Alimentação, em Rio Maior, no distrito de Santarém, para sublinhar a "valorização" do percurso de luta que soma, desde 2023, com 22 greves devido à recusa da administração em discutir o caderno reivindicativo.
Perante o piquete de greve, que juntou cerca de três dezenas de funcionários, o secretário-geral da CGTP destacou "o símbolo" que estes "têm sido para muitos trabalhadores, de firmeza, de combatividade, de luta e de consciência de classe" num país onde "o peso da balança está completamente desequilibrado".
"Há aqueles que continuam a ter muito à custa da exploração de quem trabalha e há aqueles que trabalham todos os dias, e que sem eles nada andava para a frente, que continuam a ser vítimas de uma exploração enorme", disse Tiago Oliveira, lembrando que no país "dois milhões e 500 mil trabalhadores, num número total de cinco milhões de trabalhadores (...), levam para casa menos de 1.000 euros por mês".
O mesmo país que tem "um milhão de reformados que levam para casa menos de 510 euros por mês", acrescentou, para explicar que tal acontece porque "durante toda a sua vida o seu salário foi uma miséria".
Por isso, reiterou no discurso a necessidade de os trabalhadores lutarem pelos seus direitos, incentivando os funcionários da Nobre a continuarem a luta.
A greve, convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos (SINTAB) contou com uma adesão superior "aos 80%", disse à agência Lusa a delegada sindical Inês Santos.
As paralisações, que se repetem quase ao ritmo de uma por mês desde 2023, têm por base a recusa da empresa em negociar os cadernos reivindicativos.
Para 2025 os trabalhadores reclamam um aumento salarial de 150 euros, garantindo que nenhum ganhe abaixo dos 1.000 euros, o aumento do subsídio de alimentação para 8,5 euros por dia, 25 dias de férias e folga do trabalhador no dia do aniversário.
Numa moção aprovada hoje exigem ainda a aplicação do contrato coletivo do setor e a negociação de um acordo de empresa.
Trabalhadores e sindicatos aguardam a marcação de uma reunião negocial pedida à Direção Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT) "para tentarem negociar e chegar a um entendimento" com a empresa, disse Inês Santos.
À Lusa, a Nobre Alimentação confirmou estar a "decorrer uma paralisação por parte dos colaboradores da fábrica, impactando a atividade diária da fábrica".
Na resposta enviada por 'e-mail', a Nobre Alimentação reitera "o compromisso em dar continuidade a este diálogo regular, procurando, em conjunto, encontrar o caminho mais equilibrado para o futuro".
Os trabalhadores agendaram uma nova greve para o dia 14 de agosto.
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