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Digitalização do pequeno comércio é um dos objetivos da UACS

A digitalização do pequeno comércio e o apoio aos empresários no pós-pandemia em Lisboa são dois dos objetivos do mandato da presidente da União de Associações de Comércio e Serviços (UACS), bem como o "reforço do associativismo".

Digitalização do pequeno comércio é um dos objetivos da UACS
Notícias ao Minuto

06:37 - 12/02/22 por Lusa

Economia Carla Salsinha

Carla Salsinha cumpre hoje um mês à frente da UACS e, em entrevista à Lusa, elenca os principais desafios da instituição que este ano comemora 152 anos de existência.

Os objetivos, diz, "são inúmeros", mas, "numa primeira fase", Carla Salsinha destaca três, sendo um deles "seguramente apoiar os empresários" no pós-pandemia.

"Estamos num momento um bocadinho diferente", constata, salientando que nos últimos dois anos houve várias iniciativas e apoios ao comércio, mas este "foi aquele que mais tempo teve de fechar" devido à pandemia de covid-19.

Ou seja, "a maior parte das nossas empresas fechou numa primeira fase, em 2020, três, quatro meses" e, no segundo confinamento, "voltámos a fechar três, quatro meses" e, em alguns casos, até cinco meses, registando faturações "25% e 30% muito abaixo do que era em 2019", destaca.

"Agora estamos a viver uma nova fase", em que muitas empresas enfrentam quebra de vendas "fruto das pessoas estarem isoladas e, portanto, não se dirigem ao comércio para consumir", prossegue, apontando que o setor "representa tudo o que é comércio de não primeira necessidade".

Além disso, "estamos também a ter empresas que estão a encerrar ou porque não têm pessoas para trabalhar, porque estão em isolamento ou porque surgiram surtos dentro da empresa, é como se fosse um terceiro confinamento" mas em moldes diferentes, o que "vai deixar, sem dúvida, grandes dificuldades".

E esse "é o nosso maior desafio", ver como "nós podemos apoiar os empresários ou na redução de custos", salienta Carla Salsinha.

Outro desafio, "e esse é o maior de todos, é de facto a digitalização (...), pôr o nosso pequeno comércio 'online' nas redes sociais", elenca.

No caso da digitalização do pequeno comércio, "não nos podemos esquecer que a maior parte dos nossos associados e do comércio da cidade de Lisboa são micro e pequenas estruturas", muitas vezes familiares, sem capacidade por si de terem uma loja 'online' com um 'site' "muito sofisticado", alerta.

"Ter as redes sociais, os Facebook, Instagram, tudo isso ajuda", mas muitos negócios são "estruturas pequenas" que nem sabem como aproveitar estas ferramentas ou nem têm capacidade financeira.

Carla Salsinha salienta que "vão surgir agora vários projetos na cidade através até do PRR [Plano de Recuperação e Resiliência]", em que um deles são os bairros digitais.

"Portanto, esse é um dos grandes desafios que temos", assume.

Atualmente, estão a surgir na cidade de Lisboa, por exemplo, o caso de Arroios e da Almirante Reis, "negócios muito específicos de algumas comunidades, são pessoas que vêm para Portugal e nós também temos de os ajudar a requalificar", nomeadamente em termos de qualidade de apresentação do produto, da forma de venda, do cumprimento da legislação.

"São desafios (...), temos que os ajudar porque é um novo formato de comércio que vai continuar e, portanto, são pessoas que estão aqui para ajudar a economia", refere.

Em termos de desafios internos, aponta "o reforço do associativismo".

Na opinião de Carla Salsinha, "há uma descrença" no que respeita ao associativismo em geral.

"No meu ponto de vista, é uma das formas mais nobres de darmos o nosso contributo à sociedade" e neste momento há "algum desprendimento" neste âmbito, considera.

"Só com associativismo forte podemos também ajudar o próprio país a dar o salto em frente", pelo que enquanto dirigente o objetivo é "apelar a essa mobilização", defende.

No que respeita aos bairros digitais, aponta que "esta é a medida mais dirigida" no que respeita ao PRR, mas acompanha a crítica "também feita pela própria Confederação do Comércio", de que aquele instrumento "fala muito das novas tecnologias para empresas de grande dimensão".

Os bairros digitais são "seguramente, do PRR, a não ser que depois haja outros que vão sendo redefinidos (...), um dos projetos praticamente dirigido para o comércio de proximidade".

À questão se esta medida é curta, Carla Salsinha remata: "Em termos do nosso setor, sim".

No entanto, a presidente da direção UACS considera que há "uma grande oportunidade", porque o projeto dos bairros digitais "não é só a questão do digital também está associado uma requalificação do próprio espaço".

Além disso, "estamos expectantes que essa é também a visão do presidente da câmara e nós aqui, em termos da cidade", é aqui a "autarquia que nos pode ajudar e temos a perceção, que espero que se venha a concretizar, que é um executivo que está muito virado também para apoiar o comércio nesse sentido, ou seja, de requalificar e olhar para o estacionamento, tentar conciliar tudo o que são as novas modalidades das ciclovias, do estacionamento", acrescenta.

Ou seja, reconfigurar os bairros, o que vai "ajudar a requalificar e a fazer surgirem mais negócio".

A presidente da direção da UACS aguarda também com expectativa novidades sobre o programa Recuperar+, de apoio à recuperação das empresas, salientando que desconhece qual o formato, se os apoios são a fundo perdido ou por empréstimos.

Carla Salsinha assume ser uma responsabilidade representar a UACS, "uma estrutura que ao longo dos seus 152 anos marcou muito a história da cidade de Lisboa".

Recorda que muitos empresários do comércio "estiveram por trás da implantação da República" e que houve "momentos muito específicos" na cidade mesmo no pós-25 de Abril com a ocupação da instituição.

"Fomos também criador de vários organismos" que têm hoje "um papel muito significativo na cidade", aponta, dando o exemplo da arbitragem de conflitos de consumo ou a Escola do Comércio.

"É um peso que temos todos que tentar, dentro das nossas possibilidades, manter o prestígio que esta instituição tem", remata.

Leia Também: Primeiro semestre será "prova de fogo" para muitos negócios em Lisboa

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