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Trabalhadores em vigília contra "despedimento agressivo" no Santander

Duas dezenas de trabalhadores do banco do Santander participaram hoje numa vigília junto à sede da instituição em Lisboa, contra o que chamam de "despedimento agressivo" de 145 funcionários a partir de 14 de janeiro do próximo ano.

Trabalhadores em vigília contra "despedimento agressivo" no Santander
Notícias ao Minuto

14:15 - 23/11/21 por Lusa

Economia Santander

"A ação de despedimento coletivo começou oficialmente com 685 trabalhadores, na prática já eliminou sensivelmente 1.400 postos de trabalho em 15 meses e agora recebemos a carta de despedimento de 145 de trabalhadores", disse Débora Óscar do Movimento de Ação Anti Despedimento à agência Lusa.

Este movimento, que foi criado porque o Banco Santander decidiu levar por diante as suas intensões de despedimento coletivo, faz esta ação no dia em que decorreu a assembleia-geral de acionistas para os Órgãos Sociais do Banco Santander Portugal, explicou a trabalhadora.

O despedimento é um processo que tem sido feito de uma "forma contundente, muito agressiva, sem haver consideração por várias situações de vulnerabilidade social", lamentou Débora Óscar, realçando que a vigília serve para sensibilizar a opinião pública e os outros colegas que eventualmente num "futuro muito próximo vão ser confrontados com estas situações".

"Ainda têm muito receio de se manifestar e de mostrar que também têm direitos, que têm famílias e que por força destes despedimentos ficaram ainda mais sobrecarregados com trabalho e que têm agora ao seu lado cada vez mais trabalhadores em regime de 'outsourcing' [contratação de trabalho externamente] que é uma das coisas que nos indigna".

Além disso, o Movimento de Ação Anti Despedimento alega que o Santander é um banco "com lucro, que continua a dar milhões e a ter grandes investimentos milionários em publicidade, e que agora criou inclusivamente uma fundação, mas para os 145 trabalhadores e os restantes que já saíram não houve maneira de encontrar uma solução para manter ou diminuir de forma gradual os postos de trabalho".

Daí que Débora Óscar tenha afirmado: "A nossa indignação é mesmo devido a isso".

Estes 1.400 postos de trabalho, sensivelmente, "estão a ser eliminados" no espaço de 15 meses, ou seja, cerca de "25% da força laboral" está a ser dispensada e "não há digitalização nenhuma que justifique tamanha ação", lamentou.

O Movimento de Ação Anti Despedimento denuncia ainda que aos trabalhadores "não foi proposta qualquer formação", nem que "transitassem para outros postos de trabalho", nem mesmo "quaisquer outras soluções" para que este processo "fosse feito de uma forma gradual".

"Estamos a falar de colegas que têm essencialmente a faixa etária acima dos 50 anos, que pelo Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) do setor bancário poderiam ter a reforma a partir dos 55 anos e, portanto, tudo faria supor que isto fosse feito de forma gradual e não desta maneira tão abrupta e compulsiva", esclareceu a trabalhadora Débora Óscar à Lusa.

O deputado comunista Duarte Alves, presente na vigília em solidariedade para com os trabalhadores, afirmou à Lusa que o despedimento coletivo é "uma novidade recente no setor da banca".

E prosseguiu: "Até agora não havia despedimentos coletivos, pois recorria-se a rescisões por mútuo acordo e a reformas antecipadas, mas este ano, pela primeira vez a banca, não só o Santander como outros bancos, estão a recorrer a despedimentos coletivos, sendo que o argumento utilizado é o da digitalização".

No entanto, este argumento "não corresponde à realidade", pois "como se sabe inclusivamente" há trabalhadores da área da informática que "estão a ser despedidos" com o argumento da digitalização, o que "prova o absurdo destes argumentos".

No fundo, o que a banca quer "é aumentar os lucros à custa da redução dos seus trabalhadores e quer, sobretudo, despedir trabalhadores com direitos para subcontratar através de empresas de trabalho temporário, através de trabalho precário, substituindo-os assim por trabalhadores sem direitos", advertiu o deputado.

Para o PCP deveria haver por parte do Governo "uma outra postura" face a estes despedimentos na banca e noutros setores, bem como a necessidade de alterar a legislação laboral no sentido de proteger os trabalhadores, "uma das razões que esteve em cima da mesa" na discussão do orçamento de Estado para 2022 e que da parte do Executivo e do Partido Socialista não se viu "qualquer resposta", entre outras, no sentido de "revogar a caducidade".

O Movimento de Ação Anti Despedimento já fez várias ações desde março e tensiona fazer outras para não deixar esquecer o assunto.

Hoje, José Carlos Sítima e Pedro Castro e Almeida foram reconduzidos na presidência do Conselho de Administração e da Comissão Executiva, respetivamente, do banco Santander Totta.

Segundo um comunicado emitido na sequência da assembleia-geral de acionistas de hoje, "a entrada em funções dos novos membros dos órgãos sociais agora eleitos está dependente da avaliação do Banco Central Europeu, no âmbito do processo 'fit & proper' (adequação e avaliação)".

Na Comissão Executiva, presidida por Pedro Castro e Almeida e com Manuel Preto como vice-presidente, regista-se a saída de Inês Oom de Sousa e a entrado Ricardo Jorge, que se junta aos restantes administradores executivos: Amílcar Lourenço, Isabel Guerreiro e Miguel Belo de Carvalho.

Já na segunda-feira, o banco anunciou que o Santander Totta vai alocar uma dotação inicial de 22,5 milhões de euros para a criação de uma fundação, que desenvolverá projetos "com elevado impacto social, económico e ambiental".

"Inês Oom de Sousa vai liderar o novo projeto e assume o cargo de responsável de ESG [Ambiente, Social e Governança, na sigla em inglês] no Grupo Santander a nível europeu", revela ainda o comunicado de segunda-feira acerca da administradora da instituição, no banco há 25 anos, que tem estado à frente das áreas de Banca Responsável e Universidades.

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