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Portugal precisa "resistir às pressões para regressar ao passado"

O chefe da missão do FMI para Portugal afirmou que não existem riscos eleitoralistas que ponham em causa as conquistas da economia portuguesa, mas alerta que é preciso resistir às pressões de um regresso ao passado.

Portugal precisa "resistir às pressões para regressar ao passado"
Notícias ao Minuto

06:26 - 26/03/19 por Lusa

Economia FMI

"Por vezes, alguns grupos querem atrasar o relógio. Dizem que 'superámos a crise, a crise acabou, então porque não voltamos à forma como as coisas estavam?'. Mas o problema é que a forma como as coisas estavam foi um fator que contribuiu para a crise" em Portugal, afirmou Alfredo Cuevas em entrevista à Lusa, à margem da conferência 'Portugal: reforma e crescimento dentro da zona euro', que decorreu na segunda-feira no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para Portugal admitiu que vê essa postura "como algo compreensível", mas alertou que "é uma forma de pressão à qual é preciso resistir e é necessário explicar por que é que não devemos voltar ao sítio onde estávamos".

Contudo, no entender do responsável do FMI, esta postura não significa que se mantenha tudo o que se fez como num período de emergência.

"A emergência passou, tem de se avançar para alguma normalização, mas sem nunca perder de vista o envelope orçamental e a necessidade de restaurar a solidez dos balanços de toda a economia e não apenas na esfera do Governo", frisou.

Questionado sobre se a aproximação das eleições pode trazer tentações eleitoralistas que ponham em risco a trajetória da economia portuguesa, Alfredo Cuevas considerou que "não existe um grande risco" a esse nível.

"Acho que é necessário explicar e persuadi-los a continuar no caminho correto que tem sido seguido", frisou o economista mexicano.

Questionado sobre quais são os principais riscos que ameaçam a economia portuguesa, Alfredo Cuevas indicou que "vêm do exterior" e que "um dos principais riscos é a possível desaceleração da economia da zona euro", porque "Portugal é uma economia aberta", que está "ligada à vibração dos parceiros da zona euro".

Contudo, o economista mexicano frisou que o bom desempenho da economia espanhola é um ponto a favor, uma vez que "Espanha é o principal parceiro de Portugal", podendo servir de atenuante no impacto de uma desaceleração generalizada.

Sobre quais as principais fraquezas e forças da economia portuguesa, Alfredo Cuevas afirmou que estão associadas aos chamados fluxos e stocks da economia.

"Os fluxos são quantias que se verificam num determinado período de tempo, como o salário no final de um mês ou o Produto Interno Bruto (PIB) ao longo de um ano, enquanto os 'stocks' são quantias que refletem impactos acumulados do passado, como as poupanças de uma pessoa no final de uma vida de trabalho", explicou o chefe da missão do FMI para Portugal.

De acordo com o economista, existe em Portugal uma diferença entre fluxos e 'stocks' que está relacionada com a diferença entre as forças e as vulnerabilidades da economia.

"As melhorias desde o período do programa de ajustamento têm vindo a refletir-se numa melhoria muito significativa em todas as variáveis de fluxos", afirmou, indicando o crescimento do PIB, a evolução da balança corrente e a redução do défice.

"Estes fluxos têm vindo a melhorar e estão a ajudar a resolver os 'stocks' que são os desafios que existem", nomeadamente, um grande 'stock' de dívida pública, de dívida privada e de dívida externa, enumerou, acrescentando que estas variáveis "são o resultado do desempenho da economia em longos períodos de tempo e reflexo do que aconteceu desde o final dos anos 90".

"Os fluxos estão a ajudar a reverter os desequilíbrios acumulados dos 'stocks', mas o processo leva tempo. Houve progressos, como a redução da dívida, mas será necessário perseverar na boa gestão da economia", sublinhou o chefe da missão do FMI para Portugal.

Alfredo Cuevas assumiu a função de chefe da missão do FMI para Portugal em setembro de 2017, depois de Paul Thomsen, Abebe Selassie e Subir Lall.

Foi a 06 de abril de 2011 que Portugal pediu assistência internacional, sendo a terceira vez que foi alvo da intervenção do FMI. A primeira vez foi em 1977 e a segunda em 1983.

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