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Partidos brasileiros poderão ter de incluir tema "corrupção" na agenda

Os partidos políticos brasileiros podem ter de incluir a corrupção na sua agenda, caso se mantenha o interesse do eleitorado, mesmo depois de terminada ou mitigada a operação Lava Jato, disse à Lusa o académico Juan Pablo Cannata.

Partidos brasileiros poderão ter de incluir tema "corrupção" na agenda
Notícias ao Minuto

14:33 - 02/05/18 por Lusa

Economia Académico

"Há uma pergunta que está ainda em aberto sobre o tema corrupção no caso do Brasil", afirmou Juan Pablo Cannata, coordenador e investigador do Centro de Estudos em Comunicação Aplicada (CECAP), da Escola de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Austral, de Buenos Aires.

A corrupção tornou-se atualmente um dos principais temas, se não o principal, no debate público brasileiro, referiu Cannata.

"A questão é que se este mega caso de corrupção no Brasil, que atingiu também países da América Latina e que tem no seu coração a operação Lava Jato e a construtora Odebrecht, vai conseguir que o tema da corrupção se torne estrutural na demanda de todos os eleitores, levando os partidos a apropriarem-se do tema", acrescentou Juan Pablo Cannata.

A operação Lava Jato - levada a cabo pela Polícia Federal e Ministério Público Federal - investiga um gigantesco esquema de corrupção no Brasil que envolve políticos, altos funcionários, empresários, companhias como a construtora Odebrecht e outros atores, atingindo principalmente a empresa petrolífera estatal Petrobras.

De acordo com o investigador argentino, o tema pode também diminuir a sua intensidade no debate púbico, tornando-se mais institucional - pelo tempo que irá levar cada caso na justiça - e menos explosivo, levando o assunto a um lugar mais baixo nas preocupações dos brasileiros.

"Outros temas que podem ocupar o seu lugar são a insegurança, a economia, entre outros", referiu ainda Cannata.

Para o académico argentino, o tema da corrupção é muito interessante porque é um assunto que, em princípio, interessa a todos.

"De modo geral, quando são feitas pesquisas de opinião sobre a corrupção e algum caso está em alta ou com visibilidade no debate público, o interesse também aumenta entre os entrevistados", disse.

Entretanto, se os casos deixam de estar tão presentes nas conversas públicas, o interesse na corrupção também desce, sublinhou.

"Cada um dos partidos políticos ou grupos políticos está, historicamente, associado a alguns temas, que são aqueles com os quais alimentam os seus seguidores tradicionais", explicou ainda.

"Em momentos de tensão ou de campanha eleitoral todos estes grupos pensam que, por um lado, devem manter os seus seguidores tradicionais habituais contentes, informados e ativos através do apelo aos seus valores habituais", acrescentou.

Mas, segundo Cannata, por outro lado, também estes grupos políticos ampliam sistematicamente a sua agenda temática, porque "precisam falar a novos eleitores, como jovens e de outras sensibilidades".

"Estes grupos abordam os seus eleitores com temas económicos, sobretudo quando há êxitos económicos, mas perceberam que também funciona com valores ou tendências culturais", referiu.

"Um governo similar ao da Presidente Dilma Rousseff na Argentina foi o de (Presidente argentina) Cristina Kirschner e, nestes governos foi-se somando ao seu projeto político económico algumas causas sociais novas ou reinterpretadas, como os direitos humanos, que atravessou também vários governos da América Latina", sublinhou.

O investigador falou ainda da crise na Venezuela e todo o debate público criado sobre este assunto.

Cannata disse que há, por norma, um elo de ligação entre os países da América Latina pela preservação dos valores culturais e laços históricos, nomeadamente em contraposição aos Estados Unidos, um dos maiores críticos do regime do Presidente venezuelano Nicolás Maduro.

Entretanto, com o agravar da crise política, económica e social, com milhares de venezuelanos a abandonar o país, está a ficar cada vez mais difícil para os aliados latino-americanos da Venezuela pronunciarem-se publicamente a favor do regime de Maduro.

O académico argentino apresentou hoje, em Lisboa, uma comunicação sobre as agendas sensíveis e emergentes no atual debate público.

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