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Caldas sem medo de 'Golias' une-se à paixão do povo para rumar ao Jamor

Depois de ter surpreendido tudo e todos com um apuramento para as meias-finais da Taça de Portugal, o Caldas sonha com a festa do Jamor e o facto de ter apanhado uma equipa da I Liga, não o afasta do sonho. Desde o presidente às gentes das Caldas da Rainha, todos estão unidos pela mesma causa.

Caldas sem medo de 'Golias' une-se à paixão do povo para rumar ao Jamor
Notícias ao Minuto

08:30 - 28/02/18 por Luís Alexandre e Sérgio Abrantes

Desporto Reportagem

De Golias em Golias foi assim que o Caldas encarnou ‘David’ e chegou à inédita meia-final da Taça de Portugal. Pela primeira vez tivemos uma equipa do Campeonato de Portugal nesta ronda final da prova Rainha. Esta quarta-feira, o emblema das Caldas da Rainha jogará diante do Desportivo das Aves, procurando fazer (novamente) história no futebol português.

Esta caminhada do humilde clube foi uma autêntica epopeia que começou na 1.ª eliminatória, com a eliminação do Lourinhanense (0-2).

Contudo, foi tudo menos fácil para armada caldense, uma vez que pelo meio houve batalhas em que o desespero esteve à flor da pele mas, num último derrame de suor, conseguiu ultrapassar dois 'cabos bojadores'.

Armada caldense sobrevive aos 'cabos bojadores' da Taça e o sonho do Jamor é ao virar da esquina

Notícias ao MinutoO estádio do Caldas, mais conhecido por 'Mini-Jamor' © D.R Notícias ao Minuto

Numa primeira instância, esta formação  amadora derrotou o Arouca nas grandes penalidades, a contar para a 3.ª eliminatória, e, logo na ronda a seguir, olhou nos olhos a histórica Académica e voltou a triunfar, mostrando que o futebol não é uma ciência exata.

Já nos quartos-de-final da prova, o Caldas encontrou pelo caminho um ‘vizinho’ do Campeonato de Portugal, o Farense. Um duelo que ficou na memória dos presentes no estádio pela extrema qualidade de ambas as equipas. Foi um hino ao futebol espetáculo. Apesar de ter estado em desvantagem na maior parte do encontro, a equipa do centro do país fez um último esforço e arrancou uma saborosa vitória já no prolongamento. Terminada a partida, o resultado no marcador ditava um triunfo por 3-2 para o Caldas.

Quando questionámos Thomas Militão, perto de uma das balizas do Mini-Jamor (como denominam as gentes das Caldas da Rainha o estádio da terra), se notou alguma diferença em termos de qualidade nos emblemas dos escalões superiores, o sub-capitão, com toda a sua tranquilidade, respondeu-nos que… não.

"Não sentimos dificuldade nenhuma. Contra o Arouca e a Académica não notei mesmo nenhuma diferença. Para ser sincero, os primeiros minutos contra o Farense foram muito mais difíceis do que os outros jogos que tivemos antes. Temos capacidade de enfrentar esses clubes da II Liga e até mesmo da I Liga. Há aqui muita qualidade".

Após a questão que colocámos, o jogador de 26 anos quis elucidar-nos sobre a enorme qualidade que existe no Campeonato Nacional de Seniores, e sobre o excelente percurso das equipas desse escalão (Farense e Caldas) na segunda competição mais importante em Portugal.

"Tenho de destacar que neste campeonato há mesmo muita qualidade e é pena que as pessoas o desconheçam . Eu falo da minha equipa e há aqui jogadores que merecem outros patamares. Espero e faço um apelo às pessoas do futebol para que tenham mais atenção a clubes como o Caldas, porque os emblemas deste campeonato merecem...".

Após o discurso quase pedagógico de Thomas sobre as ‘minas de ouro’ que ainda estão por descobrir no CNS, quisemos de seguida saber quais eram os níveis de confiança desta equipa para o determinante duelo diante do ‘colosso’ Desportivo das Aves - que ‘voa’ em território da I Liga.

Rui Almeida, o veterano capitão do Caldas, ouviu atentamente o companheiro e decidiu chegar-se à frente para responder à nossa pergunta com a sua eloquência, característica de um professor.

"Vamos sonhar… Nós temos estabelecido no nosso grupo que temos de encarar as coisas jogo a jogo. Eu acho que não há uma diferença de qualidade para o Aves, mas, sim, uma diferença de entrega… que tem sido a nossa arma. As pessoas não têm noção do feito que nós conseguimos, ultrapassámos estruturas completamente profissionais. Ninguém nos vai cortar o sonho".

Das fragilidades vem a glória quase sobrenatural de um clube humilde

Notícias ao MinutoA entrada para o 'Mini-Jamor'© D.R Notícias ao Minuto

Como já foi referido atrás, o Caldas é uma equipa amadora em que os seus jogadores não recebem qualquer salário para jogar futebol e muito menos integram uma estrutura profissional. Porém, a magia deste emblema reina no amor que todo o balneário tem pelo desporto-rei e, especialmente, a paixão que sente pelo clube da sua terra.

"O nosso plantel é 100% amador, treinamos ao final do dia e todos temos um trabalho fora dos relvados, mas somos profissionais como lidamos com os treinos e os jogos, principalmente pelo carinho que temos por esta instituição centenária. Este ano estamos a fazer história e é sempre bom podermos dar isso aos nossos adeptos", vincou Rui Almeida.

Crença presidencial na festa do Jamor

Notícias ao MinutoPresidente do Caldas a agitar o seu 'precioso' cachecol© D.R Notícias ao Minuto

À espera que terminássemos a nossa conversa com os dois capitães do plantel do Caldas, o presidente ajeitava o seu cachecol para a fotografia da praxe que ainda iríamos tirar. Depois das habituais indicações de posicionamento, os cliques na máquina fotográfica e os flashes, quisemos saber finalmente a sua opinião sobre a épica caminhada do clube do Oeste de Portugal.

"Neste momento, o Caldas é o representante do Campeonato de Portugal na Taça de Portugal, vários presidentes de outros clubes da mesma divisão já me vieram dizer isso. Temos tido uma excelente caminhada nesta prova, todos os caldenses têm de estar orgulhosos com a equipa", disse-nos com um brilho no olhar.

Caldenses juntos pelo mesmo

Notícias ao MinutoBar no estádio do Caldas, onde os adeptos se juntam para beber a cerveja e falar de bola© D.R Notícias ao Minuto

Depois de termos posto todas as nossas questões e curiosidades sobre o Caldas, fomos convidados a conviver com os adeptos e sócios no bar do clube. Dentro do estabelecimento todos os que ali estavam presentes, a beber a sua ‘cervejinha’ e a comer a típica bifana, quiseram mostrar-nos que a ambição e o sonho estão bem presentes nos corações dos habitantes das Caldas da Rainha.

"Se conseguirmos um bom resultado lá nas Aves podemos eliminá-los aqui. Na Mata é difícil baterem-nos e resolvemos a coisa [a eliminatória] aqui", afirmava-nos um adepto da casa.

Ao sairmos da Mata ficou-nos vincado na memória a seguinte frase… "O Jamor é já ali, o Jamor é já ali".

*Pode ler a primeira parte desta reportagem aqui.

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