O Boavista está de regresso ao futebol não profissional na próxima temporada, juntando-se a outros clubes longe do fulgor experienciado na I Liga, após falhar a inscrição no escalão secundário, ao qual tinha sido despromovido em maio.
Penalizados pelo incumprimento de requisitos financeiros, os 'axadrezados' foram, para já, relegados pela via administrativa à Liga 3, sendo que já não falhavam a presença na elite desde 2014/15, aquando da reintegração a partir do terceiro escalão nacional, revertendo a despromoção ditada em 2007/08 pelo Apito Final, processo derivado do Apito Dourado.
O Boavista é o nono clube com mais temporadas na divisão principal (62) e um dos cinco campeões nacionais, graças ao título vencido em 2000/01, que quebrou a hegemonia de Benfica, FC Porto e Sporting, tal como só havia conseguido o Belenenses, em 1945/46.
Com 77 épocas na I Liga, os 'azuis' tiveram diferendos com a SAD, da qual se separaram em 2018, obrigando-a a atuar fora do Restelo e sem o nome e os símbolos do clube fundador, enquanto recomeçavam a partir do último patamar do futebol distrital lisboeta.
Se o clube teve cinco subidas seguidas até à II Liga, na qual esteve em 2023/24, antes de voltar à Liga 3, a B SAD desceu desse escalão em 2021/22 e ao futebol não profissional na temporada seguinte, fundindo-se no ano passado com o Portalegrense, volvida uma ligação efémera ao Cova da Piedade e a estadia de uma época nos distritais de Setúbal.
As dissonâncias entre clube e SAD atingiram ainda o Beira-Mar, distante há 12 anos da I Liga, na qual soma 27 presenças, e a caminho da quarta época seguida no Campeonato de Portugal (CP), quarto escalão nacional, já depois de passar pelos distritais de Aveiro.
As dívidas impediram o licenciamento dos 'aurinegros' nas provas profissionais, em 2015, e levaram à insolvência da SAD, destino enfrentado há um ano pelo Vitória de Setúbal, inserido nos distritais e cuja 72.ª e derradeira presença entre os 'grandes' foi em 2019/20.
Igual contexto conheceu em 2013 a União de Leiria, que se reestruturou a partir da base da pirâmide nacional, foi campeã da Liga 3 em 2022/23 e competiu na II Liga nas últimas duas épocas, tendo em vista uma 19.ª aparição na elite pela primeira vez desde 2011/12.
As cisões do clube fundador com a SAD afetaram ainda o Atlético (24 épocas na I Liga), que pertenceu ao terceiro escalão e lutou em 2024/25 pela subida ao futebol profissional, tal como o Olhanense (20), hoje intitulado de Olhanense 1912 e nos distritais do Algarve.
Afastado do futebol sénior em 2004, após 24 presenças na elite e sucessivos problemas financeiros, o Sport Comércio e Salgueiros também mudou de designação para voltar à competição ao fim de quatro anos como Sport Clube Salgueiros 08, mas resgatou o nome e o emblema original a partir de 2016, sendo presença constante no CP desde 2020/21.
Outros clubes endividados levaram esse rumo, entre os quais o Olímpico do Montijo (três campanhas na divisão maior como Montijo) e o Seixal 1925 (duas como Seixal), ambos integrados nos distritais de Setúbal, a Naval 1893 (seis como Naval 1.º de Maio), recém-promovido ao CP, em contraste com o União 1919 (uma como União de Coimbra), e o Felgueiras 1932 (uma como Felgueiras), a caminho da segunda época seguida na II Liga.
De saída dos campeonatos nacionais está o Fabril do Barreiro, indissociável da evolução da empresa-mãe Companhia União Fabril (CUF), que acumulou 23 presenças na elite e passou por várias designações e ramificações - a já dissolvida CUF Lisboa competiu três vezes entre os 'grandes' como Os Unidos -, quebrando a seguir ao 25 de Abril de 1974, devido à nacionalização de várias empresas de um dos maiores conglomerados do país.
O União da Madeira 1913 não completou três anos como sucessor do União da Madeira, seis vezes primodivisionário e extinto em 2021, e desapareceu esta década, imitando o Carcavelinhos (cinco épocas no nível mais mediático) e o União Lisboa (uma), ambos na génese do Atlético, o Sport Lisboa e Elvas (duas), que se fundiu com o Sporting de Elvas para erguer O Elvas (cinco), e o Riopele (uma), outro dos clubes-empresa portugueses.
Último clube do Alentejo a participar na principal divisão, em 2000/01, e patrocinado pelo Grupo Delta, o Campomaiorense (cinco) descontinuou o futebol sénior e só compete na formação, enquanto o Académico do Porto (cinco) dedica-se às modalidades amadoras.
Afastados do futebol profissional estão Académica (64), Varzim (24), Sporting da Covilhã (15), Caldas e Sanjoanense (ambas com quatro), Fafe e Trofense (uma cada), todos na Liga 3, à qual subiram o Lusitano de Évora (14) e o Amora (três) através do CP, no qual estavam Tirsense (oito) e Leça (quatro) e passará a alinhar o Oriental (sete) em 2025/26.
Pelo contrário, o Barreirense (24) desceu aos distritais e juntou-se a Sporting de Espinho (11), União de Tomar (seis), Lusitano (três), Águeda (uma) e Ginásio de Alcobaça (uma), distanciando-se ainda mais da I Liga, na qual há dois clubes alvos de mutações recentes.
Promovido à II Liga em 2021/22 e ao escalão maior duas épocas depois, o Club Football Estrela resultou da fusão entre o Sintra Football e o Clube Desportivo Estrela, que tinha sido criado em 2011 e competiu a nível sénior nos distritais lisboetas entre 2018 e 2020, herdando o legado do dissolvido Estrela da Amadora, com 16 épocas entre os 'grandes'.
O AVS surgiu em 2023 com a transição para a Vila das Aves da SAD do Vilafranquense, que reformulou a sua identidade e apenas precisou de uma época para deixar a II Liga, tornando-se em 2024/25 no 73.º e último clube a debutar em 91 edições do campeonato.
O AVS tem atuado como anfitrião no estádio do Desportivo das Aves 1930, sucessor do Desportivo das Aves, que fez seis épocas na I Liga e viu a SAD ser extinta em 2020, na sequência de divergências com o clube, inscrito nos distritais nas três épocas seguintes.
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