Sensivelmente 24 horas após ter alta hospitalar, Bernardo Topa, adepto que ficou cego na festa do bicampeonato do Sporting, voltou a vir a público manifestar a sua revolta com a atuação das autoridades no decorrer das celebrações do Marquês de Pombal.
"Sinto que é importante estar aqui hoje. Tive alta ontem. Tenho recebido muito apoio, tenho as caixas de mensagens das redes sociais cheias, por isso tenho o dever de explicar o que se passou. Estava na zona do Saldanha e o corpo de intervenção da PSP afastou as pessoas, tal como aconteceu no ano passado. Por isso, afastei-me um pouco", começou por explicar no programa 'Dois às 10', da TVI.
"Estava no convívio com amigos e, do nada, vejo uma equipa de intervenção da polícia armada a aparecer, ainda longe de mim. Começo a ouvir tiros e disparos, um em direção ao meu olho. Foi de repente. A minha preocupação logo era se estava a conseguir ver, deitei imenso sangue. Foi um cenário horrível e fiquei desesperado, os meus amigos não se aperceberam de nada", vincou de seguida, em conversa com Cristina Ferreira e Cláudio Ramos.
"Depois encontrei dois agentes e dirigi-me a eles a pedir ajuda. Vieram depois duas enfermeiras, estancaram o sangue até chegar a ambulância. Só via de um olho, percebi logo o que se estava a passar, deitei imenso sangue, mas fui percebendo que o pior cenário se confirmava. Na ambulância estava muito pessimista, chegado ao hospital na triagem disseram-me logo que era muito grave. A bala foi direta ao olho e destruiu-o. A operação serviu para retirar a bala que ficou alojada e o estilhaços todos", atirou ainda.
O adepto sportinguista, de 28 anos, explicou o que sentiu já no hospital, ao perceber que havia ficado cego do olho esquerdo, para além de ter sido desafiado a comentar a visita de Frederico Varandas, presidente dos leões, ao hospital.
"Disseram-me logo que já nunca mais ia ver do olho esquerdo. Falaram-me de reconstrução e do que é necessário. Estava muito concretizado profissionalmente e o que já soube é que com prótese não posso trabalhar. Foi tudo assustador, é tudo muito recente e estranho. Ainda estou em tratamento. Vou ter consultas, não tenho dores e estou medicado. Já me vi sem penso e é mesmo muito feio... Depois vou avançar para uma prótese", contou Bernardo Topa.
"Sinto frustração e revolta. Agora já está e não há nada a fazer. Quero que seja feita justiça, que o autor seja identificado, porque isto não pode voltar a acontecer. É por isso que exponho a situação. Vou apresentar queixa formal presencialmente e depois vamos aguardar pelo desenvolvimento do processo. Agora é adaptar-me e confiar no que me dizem, a vida continua (...) O presidente do Sporting foi lá [ao hospital], ofereceu-me a camisola nova, muito bonita por sinal. Ofereceram-me todo o apoio. Saiu aquele comunicado e pode ser importante daqui para a frente", completou o comissário de bordo.
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