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"Eu era daqueles miúdos que iam atrás do carro do Quaresma no Olival"

Jorge Fernandes passou uma época ao serviço do Kasimpasa e foi lá que teve a oportunidade de conhecer Ricardo Quaresma, figura que idolatrou quando era um jovem atleta do FC Porto. Terminada a aventura na Turquia, o defesa de 23 anos aborda o futuro e garante não saber se vai ser incluído no plantel de Sérgio Conceição para a próxima temporada.

"Eu era daqueles miúdos que iam atrás do carro do Quaresma no Olival"
Notícias ao Minuto

07:11 - 31/07/20 por Francisco Amaral Santos

Desporto Jorge Fernandes

Jorge Fernandes deu por concluída a aventura no Kasimpasa. Depois de uma temporada no futebol turco, o jovem defesa português está de regresso a Portugal e ainda tem mais um ano de contrato com o FC Porto. 

Em entrevista ao Desporto ao Minuto, Jorge Fernandes garante ainda não saber onde vai jogar na próxima época, mas confessa já ter recebido algumas propostas, admitindo também ter preferência em voltar ao futebol português. 

O jovem formado no FC Porto relata ainda a forma como viveu o confinamento na Turquia, longe da família, e deixa rasgados elogios ao agora antigo companheiro de equipa, Ricardo Quaresma. 

Fico feliz por aquilo que conquistei na Turquia, mas tenho sempre de ser mais ambiciosoQue balanço faz desta experiência no futebol turco numa época tão atípica?

Faço um balanço positivo porque fiz vários jogos. Claro que foi uma época atípica pelas coisas que aconteceram, nomeadamente devido ao novo coronavírus, mas o nosso dever, enquanto jogadores, passa por nos adaptar a estas situações. Foi a minha primeira experiência fora e sabia que tinha que me adaptar. Acho que essa adaptação correu bem e até foi bastante rápida devido à ajuda dos meus colegas e da equipa técnica. Fico feliz por aquilo que conquistei na Turquia, mas tenho sempre de ser mais ambicioso. Poderia ter sido melhor, porque há sempre espaço para melhorar. Tenho isso presente na minha cabeça. De qualquer maneira, acabo esta experiência de consciência tranquila. Fui fiel a mim mesmo e mostrei aquilo que sou. A equipa, nesta fase final de época, esteve excelente. Foi muito positivo.

Sente que cresceu não só como jogador, por ter estado num contexto competitivo muito diferente, mas também como pessoa, por ter estado sozinho no estrangeiro em plena pandemia?

Claro que sim. Enquanto jogador joguei num contexto totalmente distinto. Trabalhei com um treinador com outro tipo de ideia de jogo e tive de me adaptar ao futebol turco. Em termos táticos, é diferente. Tive de enfrentar jogadores de grande qualidade, especialmente avançados de várias seleções. Tudo isto me fez crescer a nível profissional. A nível pessoal… Bem, eu estive praticamente o ano todo sozinho na Turquia porque a minha família trabalha e eu não queria roubar o tempo deles. Não quis ser egoísta ao ponto de pensar só no meu bem-estar. Claro que era sempre melhor ter alguém, mas agora que chegou ao fim esta experiência olho e penso: 'Ainda bem que passei por isto sozinho'. Cresci muito. Tive de ser capaz  de fazer coisas que talvez nunca faria. Isto fez-me crescer para o futuro, e também era por isso que queria ir para o estrangeiro cedo. Se um dia mais tarde voltar a surgir uma oportunidade de ir para fora, vou sentir-me ainda mais preparado.

Como viveu a Turquia esta pandemia do novo coronavírus?

No início foi um choque. Ninguém estava minimamente preparado para uma coisa destas. É uma coisa bastante séria e não nos passava pela cabeça passar por isto. No meu caso, ao início achava que era uma coisa que iria passar rápido. Vivia nessa ilusão e nessa ansiedade de que o vírus iria acabar. Depois, passei para a fase da aceitação. Disse para mim mesmo que tinha de fazer aquilo que tinha de fazer e esperar que isto acalme. Ou seja, deixei de ter aquela pressa de que o vírus acabasse. A partir daí, tentei ocupar a cabeça: a ler, a ver um filme, a jogar com os amigos e a fazer videochamadas com a minha família. Depois, claro, a nível físico foi complicado ao início. O clube mandou-nos material para casa e tentei cumprir à risca aquilo que nos era pedido, mas claro que não era a mesma coisa. Os estímulos não eram os mesmos. Com o avançar da pandemia na Turquia, e em especial em Istambul, tive de tentar, aos poucos, adaptar-me a este novo normal e comecei a ir à academia do clube, mas sempre de forma coordenada para os jogadores não estarem todos juntos tanto nos campos como no ginásio. E, claro, ter todos aqueles cuidados necessários.

O empréstimo ao Kasimpasa já terminou e tem mais um ano de contrato com o FC Porto. O que nos pode adiantar sobre o seu futuro?

O meu futuro está em aberto. Estão a surgir, sem me querer gabar, algumas propostas. Ainda estou a avaliar com o meu empresário aquilo que entendemos ser o melhor passo para a minha carreira, até porque no futebol nada é certo. Basicamente, o meu futuro está em aberto, mas gostava de voltar a Portugal para mostrar a evolução que tive na Turquia. Quero mostrar que estou mais evoluído e que estou melhor. O futebol português, para mim, tem mais visibilidade. Estamos a estudar as opções. Sinto-me tranquilo e a aguardar porque também confio muito no meu empresário, o Hélio [Martins]. Temos uma relação muito próxima e sabemos perfeitamente o que ambos pensamos. Acredito que, mais cedo do que é o normal, as coisas vão ficar tratadas. Vou seguir o meu caminho e continuar a trabalhar.

Acredita que possa ser incluído no plantel do FC Porto?

Penso que é uma possibilidade. É algo que o meu empresário tem de falar com os responsáveis do FC Porto. A decisão passa sempre por eles porque, afinal de contas, ainda tenho contrato com FC Porto. Passa pelo presidente, pelo engenheiro Luís Gonçalves e pelo treinador. Se me incluírem, vou ficar extremamente contente, se isso não acontecer, também ficarei contente. Estou pronto a trabalhar. As coisas estão em aberto e sinto-me preparado para tudo aquilo que possa acontecer. Não fico com expectativas de que alguma coisa vai acontecer e depois ficar desiludido. Não, isso não vai acontecer. Sempre disse ao meu empresário que estou preparado para qualquer tipo de desafio. Quero jogar e mostrar o meu valor. É nisso que me devo focar.

Não é para qualquer um ter este conhecimento da carreira do Quaresma

Foi colega de Ricardo Quaresma no Kasimpasa, tendo o clube anunciado já também a saída dele. Como foi esta experiência de partilhar balneário com um jogador que desde muito novo admirou?

Eu não conhecia o Quaresma antes. Claro que já nos tínhamos cruzado em algumas coisas do FC Porto, mas nunca tivemos muita interação. Posso confessar - já partilhei isto com ele - que quando era muito novo e estava no Olival, era daqueles miúdos que iam atrás do carro do Quaresma quando ele passava. Eu e os meus colegas todos, antes ou no final dos treinos. Passados estes anos todos, isto acontece… Sinto-me um privilegiado e um sortudo. É uma experiência única trabalhar com alguém assim. Alguém com esta qualidade, que é indiscutível, que tem a carreira que tem e partilhar histórias contigo. Absorves tudo aquilo eu ele te diz. Ele contou-me aquilo por que teve de passar. Isso vai ajudar-me no futuro. Vou sempre pensar naquilo que me foi dizendo ao longo desta época. Foi muito importante para o meu crescimento.

Acaba por ver no Quaresma um conselheiro?

Sim, exatamente! Alguém que me passou as experiências pelas quais passou. Acho que não é para qualquer um ter este conhecimento da carreira do Quaresma.

Teve oportunidade de acompanhar o campeonato português na retoma? O FC Porto foi um justo campeão?

Fui acompanhando e, de facto, existiram resultados surpreendentes não só na luta pelo título, como no fundo da tabela e até na luta pela Liga Europa. Eu, enquanto apaixonado por futebol, dou sempre o mérito a quem ganha. Quem anda no futebol sabe o quão difícil é ganhar. Temos que dar mérito à equipa, ao staff e ao treinador. É o resultado do trabalho de muita gente. Foram eles os primeiros a acreditar e a trabalhar. Dou muito mérito ao FC Porto pela conquista que teve. Pela luta, pelo acreditar… Foram os justos vencedores.

O Sérgio conhece aquela casa muito bem e enquanto treinador consegue passar a mensagem para os jogadores

Sendo mérito de todos os envolvidos, não há aqui uma grande responsabilidade de Sérgio Conceição?

Acredito que foi bastante importante. A parte mental do jogador estava mais afetada do que a parte física. Passar por uma situação destas, e eu coloco-me no lugar dos jogadores estrangeiros que estão longe de casa, é normal que o jogador esteja mais desgastado mentalmente de uma época muito longa. A mensagem que o treinador passou foi eficaz. O Sérgio, sem dúvida, conhece aquela casa muito bem e, enquanto treinador, consegue passar muito bem a mensagem para os jogadores. Os jogadores interiorizaram a mensagem e o resultado está a vista de todos.

Presumo que também tenha sofrido com aquela permanência do Tondela…

Tive a oportunidade de falar com alguns colegas de lá e passei sempre uma mensagem positiva. Foi uma época difícil para o Tondela, mas acabaram por ser felizes. Lá está, é mérito deles! Foram eles que trabalharam e conseguiram o objetivo. Se conseguiram atingi-lo foi porque mereceram. Claro que sofri muito com aquele jogo com o Moreirense. Conheço muito bem as pessoas que trabalham naquele clube e sei o quanto trabalham para continuarem a viver este sonho de estar na I Liga.

Tem algum prognóstico para o jogo da final da Taça de Portugal?

Há aqui circunstâncias que vão tornar o jogo diferente. É uma final, mas acredito que o FC Porto tem maior capacidade de ganhar a Taça.

Arrisca algum resultado?

Diria 2-0 para o FC Porto.

O que pretende alcançar para a nova temporada?

O meu principal objetivo passa sempre por fazer aquilo em que eu acredito. Manter a minha forma de ser e estar e ajudar o clube a atingir aquilo que deseja. Primeiro estará sempre o clube, só depois venho eu. Dessa forma, quero poder ajudar o clube que vou representar nesta nova época. Em termos individuais, quero aprender, experienciar coisas novas e crescer enquanto jogador. Espero jogar o máximo possível e atingir os objetivos.

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