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Deborah Pearson apresenta 'History, History, History' no Porto

O espaço da companhia de teatro Mala Voadora, no Porto, recebe até hoje "History, History, History", da canadiana a residir no Reino Unido Deborah Pearson, que parte de um filme húngaro de 1956 para uma narrativa íntima.

Deborah Pearson apresenta 'History, History, History' no Porto
Notícias ao Minuto

18:28 - 18/02/18 por Lusa

Cultura Canadiana

Pelas 22:00, será apresentada "History, History, History", que se estreou em Portugal a 22 de fevereiro de 2017, na Culturgest, e que chegou agora ao Porto.

"Em 'History, History, History', um momento global colide com uma história privada. Tendo como foco um filme cómico-satírico, sobre a equipa de futebol húngara de 1956, no qual um vigarista é confundido com o famoso jogador Ferenc Puskás e, por engano, apanhado no meio de uma massiva ditadura, decidida a governar o mundo do futebol", pode ler-se na sinopse do espetáculo.

O que Pearson traz para o palco, a partir da dramaturgia de Daniel Kitson, é uma legendagem própria do filme, que deveria estrear-se a 23 de outubro de 1956, no Corvin Cinema, que se tornou a sede da revolução contra tropas soviéticas.

A obra é "legendada e comentada pela Deborah", contou à Lusa o diretor artístico da Mala Voadora, Jorge Andrade, que revelou que o protagonista seria "o próprio avô, antes de emigrar para o Canadá", para construir "um paralelo entre a história de um indivíduo, um país, e uma história de ficção".

Em entrevista à Lusa, a artista admite que este foi "um processo de criação mais longo" em relação a espetáculos anteriores, tendo começado em 2008 como uma ideia de uma peça sobre os avós e a entrada no Canadá como refugiados.

Depois de criar uma peça inicial, terminada em 2013, acabou por mudar o formato após conversar "com o argumentista do filme, que descreveu a história política mais rica do filme".

"Tornou-se claro que a história dos meus avós podia ser uma narrativa dentro de várias que surgiram do filme", contou a canadiana.

Em relação à apresentação em Lisboa, apenas uma coisa mudou: "Agora sento-me à direita, e não ao centro, porque achei que daria uma boa imagem dessa forma, mas depois percebi que estava a obstruir um pouco do filme e a perder algum efeito durante a entrevista" com a avó, que também é projetada.

Apesar da especificidade do filme e da narrativa pessoal, há uma camada do filme ligada à atualidade e à crise dos refugiados, com um paralelismo entre "uma das grandes crises de refugiados", na Hungria, e a emigração proveniente da Síria nos dias de hoje.

"Há alguma coisa na conversa sobre refugiados que fica diferente em diferentes contextos. Se falo como os meus pais eram refugiados, nas grandes ondas de refugiados da Hungria. Em muitos dos países onde levei a peça, havia sempre pessoas que me diziam: 'lembro-me quando os refugiados húngaros andavam comigo na escola'", contou.

Na peça, está patente uma vontade de "fazer com que a plateia se aperceba de onde saem hoje em dia as histórias dos que são refugiados, e pensar em onde estarão os seus descendentes daqui a 50 anos", bem como acontecimentos recentes como o 'Brexit', no Reino Unido, ou a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos, que trouxeram "outra experiência" a um texto que "se mantém o mesmo".

Fundadora do coletivo artístico Forest Fringe, Pearson, doutorada em narrativa em performance contemporânea na Royal Holloway, venceu vários prémios pelas peças que foi criando, incluindo o Peter Brooke Empty Space Award ou o Scotsman Fringe First e o Prémio Total Theatre para contribuições significativas, no âmbito do festival Fringe de Edinburgo.

Pearson é artista associada da canadiana Volcano e da Somerset House Studies, além de artista residente da Live Art Development Agency.

Além da peça em si, o convite à artista britânica assenta também na vontade de "uma colaboração futura" entre a Mala Voadora e Pearson, bem como o grupo que fundou, os Forest Fringe, até porque o espetáculo é próximo da linguagem de antigos espetáculos da Mala Voadora, como "Moçambique", que também versa sobre "um indivíduo que reescreve a história de um país", explicou Jorge Andrade.

Sobre a possível colaboração, têm surgido "conversas", mas as duas partes estão "muito interessadas", adiantou Pearson, "até porque o Chris Thorpe já trabalhou muito bem com a Mala Voadora" e com a canadiana, que também prepara "um projeto para Lisboa", além do "teatro em comum" entre as duas partes.

O espetáculo "History, History, History", estreado no Bit Teatergarasjen, em Bergen, Noruega, e já apresentado em vários países, está inserido no ciclo de programação "Uma Família Inglesa", que arrancou na quinta-feira e dura até hoje.

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