Bloco questiona Governo sobre relocalização de torre do Cabo da Roca
A queda parcial da torre de vigilância costeira no Cabo da Roca (Sintra), devido ao mau tempo, levou hoje o Bloco de Esquerda a questionar o Governo sobre se pondera deslocar a estrutura para local de menor impacto paisagístico.
© Wikimedia Commons
Cultura Vigilância
Na madrugada de segunda-feira, em consequência da tempestade 'Ana', tombou parte da estrutura, de 45 metros de altura, que integra o SIVICC - Sistema Integrado de Vigilância, Comando e Controlo da costa portuguesa, instalada no Cabo da Roca.
A torre, a cargo da Unidade de Controlo Costeiro da Guarda Nacional Republicana (GNR), cedeu aos ventos fortes, que dobraram a estrutura em ferro, a poucos metros do farol no concelho de Sintra.
O grupo parlamentar do Bloco de Esquerda (BE) questionou hoje, através do presidente da Assembleia da República, o ministro da Administração Interna sobre se "está o Governo na disponibilidade de reequacionar a instalação da referida torre deslocando-a para um local onde o impacto paisagístico seja menor".
No documento subscrito por Sandra Cunha salienta-se que, em 2013, foi montada uma torre de comunicações na zona fronteira ao farol do Cabo da Roca, "desfigurando a paisagem do ponto mais ocidental do território continental europeu, em pleno Parque Natural de Sintra-Cascais (PNSC)".
A instalação da estrutura foi, na altura, "largamente contestada por populares, ambientalistas, defensores" do património e autarcas de diferentes forças partidárias, recordou a deputada.
Apesar dos protestos, o Governo PSD/CDS-PP "não recuou na decisão de instalar o equipamento, abrindo uma profunda cicatriz na paisagem, visível a quilómetros de distância, desvirtuando um local que recebe milhares de visitantes todos os dias", frisou o documento, apontando a passividade da autarquia na sua instalação.
Em consequência da tempestade na madrugada de 11 de dezembro, o BE considerou que, "mau grado toda a destruição que causou, a natureza acabou por proporcionar às autoridades uma ótima oportunidade para equacionar a relocalização do equipamento, deslocando-o para um local onde o impacto paisagístico seja menor".
A estrutura foi instalada em área vedada a construções no plano de ordenamento do PNSC e pelo Plano de Ordenamento da Orla Costeira, em espaço inserido na "zona tampão" da Paisagem Cultural classificada como Património Mundial pela UNESCO.
A estrutura, composta por radar, antenas e câmara de vigilância, destina-se a apoiar a missão da Unidade de Controlo Costeiro da GNR, no domínio "das fraudes fiscais e aduaneiras, terrorismo, tráfico de droga, catástrofes ambientais, proteção do ambiente, proteção de atividades económicas e combate ao tráfico ilícito de migrantes por via marítima".
A rede de observação é composta por postos "contentorizados" ou em edifícios, dispostos ao longo da costa, de forma a permitir "a deteção e identificação de ameaças marítimas, designadamente de embarcações de reduzida dimensão, deslocando-se a alta velocidade e tipicamente não cooperantes", segundo a descrição do projeto SIVICC.
Um parecer do PNSC à proposta do Ministério da Administração Interna "foi negativo", tendo em conta as condicionantes paisagísticas e ambientais da zona, mas a estrutura acabou por ser construída.
Contactada pela Lusa, fonte oficial do gabinete do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, remeteu uma posição para quando for possível responder ao BE.
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