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Livro analisa 152 despedimentos sem culpa formada no 25 de Novembro 1975

O despedimento ilegal de 152 trabalhadores de órgãos de comunicação públicos, no 25 de Novembro 1975, é investigado pelo jornalista Ribeiro Cardoso num livro que vai ser apresentado em Lisboa, na quinta-feira.

Livro analisa 152 despedimentos sem culpa formada no 25 de Novembro 1975
Notícias ao Minuto

15:00 - 21/11/17 por Lusa

Cultura Lisboa

Ribeiro Cardoso decidiu escrever 'O 25 de Novembro e os media estatizados - Uma história por contar' tendo em conta que os acontecimentos de há 42 anos "estão mal contados", designadamente na área do jornalismo e comunicação.

"E muitas coisas nunca foram contadas. Há uma diferença entre a realidade e a memória coletiva", disse hoje o autor à agência Lusa.

Na sequência da suspensão de 152 profissionais de órgãos estatizados (RTP, Emissora Nacional, Rádio Clube Português, Diário de Notícias, Século, Jornal do Comércio e ANOP), "muitas carreiras profissionais foram arruinadas e dezenas de vidas pessoais e familiares destruídas", lamentou.

Tratou-se de "um processo exclusivamente político-partidário", no contexto do 25 de Novembro, em que homens e mulheres "foram afastados impiedosa, imoral e ilegalmente dos seus postos de trabalho", segundo Ribeiro Cardoso.

"Suspensos sem culpa formada, sem processo disciplinar e através de listas 'ad-hoc' formadas apenas por motivos políticos e ideológicos e de ordens de serviço tipo chapa cinco (...), com um palavreado genérico onde sempre aparecia a frase 'colaboração com as forças sediciosas'", escreve na introdução ao livro.

Nascido no Porto, em 1945, Albino Ribeiro Cardoso é licenciado em Filologia Germânica e iniciou a atividade de jornalista em 1971, no extinto Diário de Lisboa.

"Ao cair do pano daquele dia, na execução de uma estratégia muito antes gizada por setores político-militares, 152 trabalhadores da comunicação social estatizada de Lisboa foram afastados impiedosa e ilegalmente", refere, realçando ter sido "na televisão e na rádio que se verificaram os danos maiores" destes saneamentos políticos.

O autor salientou à Lusa que "administrações de má-fé arrastaram processos" e que a Provedoria de Justiça "foi deliberadamente desrespeitada", num processo em que "militares e políticos estiveram de mãos dadas num mundo de ilegalidades".

"Os tribunais, ao fim de anos, absolveram todos os trabalhadores", recordou hoje Ribeiro Cardoso.

Quase todos os anos, em agosto, "jornais, rádios e televisões nacionais ressuscitam o errada e deliberadamente chamado caso do saneamento político de 24 jornalistas do Diário de Notícias", em 1975, "atribuído repetidamente" a José Saramago, então diretor-adjunto do jornal.

"Preocupo-me com o problema da memória coletiva", adiantou o autor do livro "O 25 de Novembro e os media estatizados", negando que tenha sido o escritor e futuro Nobel da Literatura a tomar aquela decisão.

Importa analisar a realidade "no contexto temporal e factual", defendeu, para vincar que o afastamento desses jornalistas do DN, no verão de 1975, "não foi decisão de um homem, mas de um plenário de trabalhadores" da empresa.

Editado pela Caminho, o livro será apresentado na Livraria Buchholz, em Lisboa, na quinta-feira, às 18h30, pelo general Pezarat Correia.

No sábado, o autor estará no Porto, às 15h30, para idêntica sessão, na UNICEP -- Cooperativa Livreira de Estudantes, estando a apresentação a cargo do juiz-conselheiro Artur Costa.

No dia 30, às 18h00, a convite da editora Lápis de Memórias, de Coimbra, Ribeiro Cardoso falará do seu livro no Atrium Solum.

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