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Ana Vieira e Joana Vasconcelos ícones da criação feminina em Paris

Ana Vieira, Helena Almeida e Joana Vasconcelos integram a exposição 'Women House', em Paris, que "coloca a mulher no centro da história da arte e da arquitetura em que esteve ausente e/ou vítima", segundo as comissárias da mostra.

Ana Vieira e Joana Vasconcelos ícones da criação feminina em Paris
Notícias ao Minuto

11:26 - 18/10/17 por Lusa

Cultura Exposição

A exposição, que abre ao público esta sexta-feira e que encerra a 28 de janeiro do próximo ano, no edifício da Monnaie de Paris, cruza a noção do género feminino com o espaço doméstico, pretendendo mostrar que "não é uma fatalidade" a "evidência histórica" de que "a arquitetura e o espaço público foram masculinos, enquanto o espaço doméstico foi muito tempo o das mulheres".

"Esta casa-mulher é um refúgio, uma prisão ou pode ser um local de criação? As artistas desta exposição agarram neste tema complexo e, através dele, recolocam a mulher no centro da história da arte e da arquitetura em que esteve ausente e/ou vítima", escreveram no catálogo de 'Women House', as comissárias Camille Morineau e Lucia Pesapanne.

As três artistas portuguesas selecionadas figuram entre 39 nomes dos séculos XX e XXI, como Louise Bourgeois, Claude Cahun, Cindy Sherman, Niki de Saint Phalle, Martha Rosler, Mona Hatoum e Rachel Whiteread, com expressões mais recentes de Pia Camil (México), Nazgol Ansarinia (Irão), Isa Melsheimer (Alemanha) e Laure Tixier (França), entre outras.

Da portuguesa Ana Vieira (1940-2016), a exposição escolheu a obra 'Sala de Jantar' (1971) da série 'Ambientes', uma estrutura metálica com um véu de nylon que reproduz uma sala onde estão pintados objetos do espaço doméstico, como cadeiras e armários, e na qual o espetador não pode entrar.

A peça está em destaque na secção 'Construire c'est se construire' ['Construir é construir-se'], que evoca os anos 70 quando "as artistas se rebelaram contra a privação do espaço real - o espaço de trabalho - e o simbólico - o do reconhecimento", colocando, através das suas obras, "a mulher no centro de uma história da arte da qual esteve ausente".

Esta secção conta com apenas duas obras: a instalação de Ana Vieira e uma escultura da italiana Carla Accardi, "duas artistas que construíram obras que podem ser consideradas como manifestos destes anos, ainda que tanto uma como a outra tenham tardado a serem reconhecidas pelos historiadores de arte".

"A sala de jantar da artista portuguesa Ana Vieira parece-nos simultaneamente familiar e estranha", lê-se no catálogo da exposição, que completa: "Esta obra coloca em cena os clichês de um espaço burguês onde o rigor que determina a disposição dos objetos é igualado pela sua opressora banalidade".

De Helena Almeida foram escolhidas quatro fotografias de 1977, 'Estudo para dois espaços', que são apresentadas na secção 'La maison, cette blessure' ['A casa, esta ferida'], na qual "as artistas revelam e afrontam os limites do seu espaço, tanto físico quanto psicológico".

"Helena Almeida, artista portuguesa, dá conta de um sentimento de prisão ao colocar a sua mão em portões metálicos de casas. As suas fotografias simbolizam o isolamento do país sob a ditadura portuguesa que reprimiu o país até 1974", continua o catálogo.

Para a secção 'Maison de Poupée' ['Casa de boneca'], inspirada na peça homónima de Henrik Ibsen (1879) - que teve um forte eco nos primeiros movimentos de emancipação feminina no final do século XIX - a exposição conta com a escultura em ferro forjado em forma de bule de chá, 'La Theiére', de Joana Vasconcelos (2010).

A peça, que esteve exposta no Palácio de Versalhes em 2012 e que é inspirada em 'Alice no País das Maravilhas' de Lewis Carroll, vai ficar num dos pátios do edifício da Monnaie de Paris, situada entre a Ponte das Artes e a Ponte Nova (Pont Neuf).

'Women House' é organizada pela Monnaie de Paris, em colaboração com o National Museum of Women in the Arts (NMWA), de Washington, nos Estados Unidos, seguindo depois para o NMWA onde vai estar exposta a partir de 08 de março de 2018.

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