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'Instrumental' do pianista James Rhodes chega esta semana às livrarias

O pianista James Rhodes defende, na obra 'Instrumental', que a "música clássica subsiste há séculos, porque tem uma incessante, infalível e intensa capacidade de nos transportar numa viagem de autodescoberta".

'Instrumental' do pianista James Rhodes chega esta semana às livrarias
Notícias ao Minuto

17:15 - 03/10/17 por Lusa

Cultura Livros

O autor, como relatou à agência Lusa, "viveu um inferno", o que narra nesta obra, contando a sua experiência e como a música clássica o "resgatou para a vida".

"Um facto inexpugnável é que a música, literalmente, salvou-me a vida e, estou certo, a de muitas outras pessoas", escreve o pianista que afirma que "o pano de fundo" desta obra é a história da sua vida, "prova que a música é a resposta para aquilo que não tem resposta".

"Se não fosse a música, eu não existiria, muito menos com uma existência produtiva, sólida e ocasionalmente feliz", atesta.

Em 'Instrumental', título a publicar esta semana pela Alfaguara, numa tradução de José Remelhe, o pianista critica as opções tomadas pela maioria dos Governos da Europa Ocidental, que relegam as Artes e a Cultura para valores ínfimos dos seus orçamentos.

"Se os nossos políticos vão continuar a fazer cortes no financiamento para as Artes e parecem não dar ouvidos a ninguém, certamente cabe à própria indústria bater o pé e implementar algumas mudanças", escreve o pianista britânico.

As críticas do músico atingem também a comunicação social, referindo a "total e absoluta segregação da música clássica na televisão, na rádio e na imprensa escrita".

Em declarações à Lusa, o músico afirmou que esta obra "é um alerta" e assumiu o tom provocatório que perpassa no livro.

"Meu Deus, Beethoven sentia-se tão agastado com o modo como tratavam os músicos clássicos e os compositores, que pôs de imediato termo à maneira como o tratavam como um criado - derrubou portas a pontapé, meteu bombas debaixo dos assentos do público e, sem demonstrar arrependimento, reclamou o seu lugar como o precursor do romantismo. Hoje em dia, gastamos umas coroas a embebedar empresários da indústria com vinho de qualidade duvidosa, numa sala escura durante quatro longas horas", escreve o Rhodes.

A abrir a sua obra, Rhodes declara: "A música clássica dá-me tusa. Estou consciente de que, para algumas pessoas, esta não é uma frase de abertura muito promissora. Mas se analisarmos a palavra 'clássica', talvez não seja assim tão má. Talvez até se torne compreensível. Porque agora, com a palavra 'música', temos algo universal, excitante, intangível e imortal".

Todos os capítulos da obra - 20 - são identificados como "faixas", e todos eles remetem para composições clássicas, como as 'Variações Goldberg', de Bach, por Genn Gould, pianista canadiano pelo qual o autor se diz "fascinado".

Todas as obras citadas pelo pianista estão disponíveis gratuitamente aqui.

"A música clássica subsiste há séculos porque tem uma incessante, infalível e intensa capacidade de nos transportar numa viagem de autodescoberta e melhoramento, num mundo onde a maioria dos outros meios, para o fazer, parecem [ter de] envolver Simon Cowell [ex-executivo de uma discográfica, produtor televisivo de 'reality shows', criador de Ídolos] ou Deepak Chopra [médico indiano, autor de livros de autoajuda e sobre espiritualidade]", afirma o pianista que escreveu este livro aos 38 anos.

Atualmente, James Rhodes conta 42 anos, já escreveu outros quatro títulos, é cronista do jornal The Guardian, apresenta programas televisivos e radiofónicos, promove programas de sensibilização musical para escolas, apresenta-se regularmente em salas de concerto, e tem editados sete álbuns.

"Tudo se faz com uma agenda bem definida e criativa, sem nunca perder o foco no que é importante e nos move", contou à Lusa.

Em Portugal, o pianista estreia-se em novembro, no âmbito do Misty Festival, com concertos marcados para o dia 13, na Casa da Música, no Porto, e no dia seguinte, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

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