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'A Noite da Iguana' vai ter sessão com audiodescrição no Teatro São João

A peça "A Noite da Iguana", que se estreia hoje no Teatro Nacional São João, no Porto, depois de estar em cena em Lisboa, terá uma sessão com audiodescrição a 19 de fevereiro para cidadãos com deficiência visual.

'A Noite da Iguana' vai ter sessão com audiodescrição no Teatro São João
Notícias ao Minuto

11:45 - 09/02/17 por Lusa

Cultura Peça

O objetivo é "tornar o acesso à cultura mais justo", disse à Lusa a atriz e audiodescritora Anaísa Raquel, responsável pela audiodescrição de "A Noite da Iguana", peça a cargo dos Artistas Unidos, que se estreou no Teatro Municipal São Luiz a 18 de janeiro e que, de hoje a 29 de fevereiro, vai estar em cena no Porto.

Esta "tradução de imagens para palavras" vai para além da descrição dos acontecimentos, descreveu a responsável, uma vez que engloba também "a iluminação, os figurinos, o cenário e o reconhecimento de vozes".

Para isso, os utilizadores do serviço devem chegar à sala de espetáculos meia hora antes do início da récita para ficarem a conhecer o palco e para se encontrarem com a equipa de atores, num contacto "muito importante para o entendimento da peça, através do reconhecimento de voz e da figura".

O TNSJ tem apostado no aumento da acessibilidade dos espetáculos em cena, com a tradução de peças em língua gestual portuguesa e com áudiodescrição para a temporada 2016/2017.

A 08 de setembro, o diretor artístico, Nuno Carinhas, descreveu a missão de "tornar o teatro acessível a todos" através de lugares para cidadãos com mobilidade reduzida, casas de banho adaptadas e vídeoguias em linguagem gestual nas visitas guiadas.

Em 2017, passou ainda a incluir espetáculos com sessões descontraídas, que decorrem "num ambiente mais informal e na qual há uma maior flexibilidade em relação a movimentações e ruídos na sala", para melhor acolher pessoas e famílias com crianças pequenas ou portadoras de deficiência intelectual ou sensorial, pode ler-se no sítio oficial do TNSJ.

A aposta nas sessões descontraídas tem encontrado o "crescente interesse dos agentes culturais na área das acessibilidades" do Norte, indicou à Lusa, a 21 de dezembro, a vice-presidente da Acesso Cultura, Inês Rodrigues.

"Noto que as pessoas estão mais preocupadas: já falam em audiodescrição, língua gestual, acessibilidade física. Sensibilizar os profissionais para a questão do acesso à cultura é muito importante e já existe reflexo deste trabalho", descreveu então a responsável.

Descrita como uma "tradução intersemiótica", a audiodescrição, que também é utilizada em museus, visitas guiadas e exposições, estará presente em mais apresentações de teatro no Porto, fruto de uma parceria da AR Produções, que trabalhou em "A Noite da Iguana" com o TNSJ, com vista a cinco apresentações em 2017.

Para Anaísa Raquel, o trabalho pela inclusão é também uma forma de "criação de novos públicos" no caminho para "tornar o acesso à cultura mais justo", pelo que a responsabilidade de adaptar espetáculos "devia estar nos equipamentos do Estado, em primeira instância, e depois nas entidades com comparticipação estatal".

"A cultura esqueceu-se de muitas pessoas que também querem ser público, como os surdos e pessoas com deficiências visuais", atirou. A falta de disponibilidade financeira, disse, é um dos fatores a ter em conta, mas "o maior problema é a incapacidade de se colocar no lugar dos outros".

"A questão da inclusão é esquecida porque é fácil de esquecer. Felizmente a perceção começa a mudar aos poucos, porque quando nos conseguimos colocar no lugar da outra pessoa, as soluções surgem, porque elas existem", acrescentou.

Em cena até 26 de fevereiro, "A Noite da Iguana" é o último espetáculo do ciclo da companhia Artistas Unidos dedicado ao dramaturgo norte-americano Tennessee Williams.

"A peça é surpreendente, mas foi muito difícil fixar este texto, já que há imensas versões do autor", disse o encenador, Jorge Silva Melo, à agência Lusa aquando da estreia em Lisboa, caracterizando esta uma peça centrada no "contraditório de ser humano", a que não será alheio "a ascensão da besta [o nazismo] na Europa de então".

"A Noite da Iguana" tem interpretação de Nuno Lopes, Isabel Muñoz Cardoso, Vânia Rodrigues, Catarina Wallenstein e Ana Amaral, entre outros.

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